Para quem gosta de cinema e imparcialidade
O documentário A 13ª Emenda
também mostra, e isso é uma alfinetada na classe política, que o preconceito e
o racismo estão entranhados nos próprios representantes da sociedade: os
políticos. Na Convenção Nacional Democrata de Nova York, de 1924, por exemplo,
estima-se que pelo menos 350 (trezentos e cinquenta) delegados eram membros da
famigerada Ku Klux Klan.
Utilizando-se da opinião de
especialistas, embasados em evidências históricas, o documentário demonstra que
a geografia demográfica dos EUA, concernente à migração dos negros para outras
regiões do país, foi moldada nesta época.
Ora, os afro-americanos se
espalharam por toda a nação: Boston, Chicago, Cleveland, Detroit, Los Angeles,
Oakland, Nova York. O que as pessoas não perceberam é que, esse movimento
migratório interno foi motivado, não por oportunidades econômicas, mas por
perseguições racistas.
Contudo, tal fuga não serviu
para aplacar a sanha dos racistas. Milhares de ataques a populações
afro-americanas foram perpetradas, em todo o país. Os motivos – quando existiam
– eram os mais fúteis e banais. Um garoto ‘de cor’, por exemplo, foi morto pelo
simples fato de ter “prestado atenção demais na esposa de um homem branco”.
Como estes atos de terrorismo
estavam se tornando cada vez mais corriqueiros, e como forma de não macular a imagem
dos EUA, como nação democrática, tentaram legalizar as perseguições. Foram
criadas leis que relegaram os afro-americanos ao status permanente de
segunda classe. Como resultado, por exemplo, os negros foram impedidos de
frequentar determinados lugares, e foi-lhes negado o direito de votar.
Para Jelani Cobb,
professor de estudos afro-americanos, da University of Connecticut, o medo do
crime está no centro da questão racial.
Para Bryan Stevenson,
advogado e autor, se deparar com uma placa escrita “para negros” e outra “para
brancos”, não poder usar a porta da frente, ou todo o tempo que não se podia
votar, ou frequentar a escola, era um fardo tremendamente pesado, danoso e
injusto que o afrodescendente teve de suportar. Nem mesmo um simples banho de praia
os negros tinham direito.
Ativistas de direitos civis
viram, então, a necessidade de criar não só um movimento de direitos civis, mas
de direitos humanos. A mudança de estratégia atraiu mais seguidores, contudo,
esses ativistas – incluindo o lendário Martin Luther King Jr. – foram
retratados pela mídia, e até entre muitos políticos, como criminosos.
Explica-se: os ativistas negros estavam desrespeitando as leis de segregação,
leis estas que os oprimiam. Por isso, era vistos como criminosos, sendo, inclusive,
presos e “fichados”.
Para os brancos, a
justiça era célere e infalível; para os negros, tardia ou inexistente.
(A imagem acima foi copiada do link Google Images.)