Trecho de texto apresentado na disciplina Autocomposição de Conflitos: Negociação, Conciliação e Mediação, do curso Direito bacharelado, da UFRN.
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Marshall B. Rosenberg: grande estudioso da chamada comunicação não-violenta. |
Colocando
em prática os quatro componentes anteriormente
descritos, Marshall aponta as seguintes sentenças no chamado
processo
da CNV:
1)
observação: As ações concretas que estamos observando e que
afetam nosso bem-estar;
2)
sentimento: Como nos sentimos em relação ao que estamos observando;
3)
necessidades: As necessidade, valores, desejos etc. que estão
gerando nossos sentimentos; e
4)
pedido: As ações concretas que pedimos para enriquecer nossa vida.
Ao
lançarmos mão do processo da CNV podemos nos expressar e também
receber com empatia as informações dos outros. Mas este processo,
como já apontado anteriormente, nem sempre se dá de maneira fácil.
De igual modo, a CNV não consiste numa forma pré estabelecida, ao
contrário, ela se adapta e se amolda às mais diversas situações
culturais e sociais.
Continuando
em seus apontamentos, o autor Marshall B. Rosenberg elenca situações
práticas do cotidiano às quais podemos aplicar a CNV, seja em
nossas vidas, seja no mundo que nos rodeia. Vamos a elas: escolas;
famílias; organizações e instituições; relacionamentos íntimos;
negociações diplomáticas e comerciais; terapia e aconselhamento;
enfim, disputas e conflitos de toda natureza.
Nas
páginas seguintes ele nos traz o testemunho de pessoas que,
aplicando a CNV, tiveram uma melhora substancial em seus
relacionamentos íntimos, no trabalho, na política, em tratamentos
médicos. Marshall justifica tantos exemplos positivos, em áreas as
mais diversas, ressaltando que, em todo o mundo, a CNV serve como
valioso recurso para comunidades que enfrentam conflitos violentos,
ou, ainda, graves tensões de natureza étnica, religiosa ou
política.
Mas
existe alguma situação fática na qual a CNV não surta o efeito
esperado? O autor faz um relato dramático de uma situação
acontecida quando ministrava uma palestra no Oriente Médio. Ora, é
de conhecimento de todos que as pessoas nutrem um sentimento de ódio
e ressentimento por norte-americanos (nacionalidade do autor) e, ao
que tudo indica, a recíproca é verdadeira.
Nesta
palestra, apresentada a um grupo de muçulmanos palestinos, numa
mesquita em Belém, ao reconhecerem-no como “americano”, o
xingaram a plenos pulmões de “Assassino! Matador de crianças!”.
Ao que tudo indica, Marshall conseguiu manter a calma e foi capaz de
ouvir a explicação de quem o estava a insultar. Depois de uma hora,
o mesmo homem que o havia chamado de assassino, estava o convidando
para um jantar em sua casa!
Referência: ROSENBERG, Marshall B.. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. 285 p. Tradução: Mário Vilela, pp. 19-36.
(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)