Excelente documentário; toda pessoa deveria assistir
Além de privatizar o sistema
prisional, o ALEC agora também tem o interesse de privatizar a liberdade
condicional. Outras formas de privação da liberdade também já estão em pauta,
como tornozeleiras eletrônicas, monitoramento por Global Positioning System
(GPS) e a prisão domiciliar para menores. É o capital reinventando novas formas
de obter lucro, às custas da liberdade das pessoas.
Ora, a reforma do sistema
carcerário não é benéfica para essas empresas privadas que lucram com o
encarceramento em massa. Elas sempre procurarão novas formas de lucrar com o
cerceamento da liberdade individual. E têm feito isso de uma forma dissimulada,
bem debaixo do nosso nariz, e não estamos percebendo isso.
O complexo industrial
presidiário, cuja base se sustenta no encarceramento em massa, depende deste
para sobreviver. Isso é fato. Privatizar as penitenciárias, tirando do Estado a
tarefa de cuidar dos presos, não está sendo benéfico para a sociedade. Então, a
quem interessa continuar com este modelo opressor, caro e ineficiente?
Vejamos: uma empresa de
telefonia que fornece serviços de telecomunicações entre detentos e suas
famílias, segundo o documentário, teve um lucro no ano anterior ao lançamento
do longa-metragem de US$ 114 milhões (cento e quatorze milhões de dólares).
Como fizeram isso? Inflacionando o preço das ligações que os presos fazem para
seus familiares e amigos. Outro caso, envolvendo uma empresa que fornece
alimentação para os presos, foi acusada de estar fornecendo ‘quentinhas’ com
vermes.
Outra empresa correcional, teve
um faturamento anual de cerca de US$ 900 milhões (novecentos milhões de
dólares). A fórmula do sucesso? Parcerias entre indústrias correcionais e
empresas privadas. Aquelas vendem mão de obra dos detentos, que é de graça para
elas, e lucram absurdamente com isso. É, sem sombra de dúvidas, uma nova
espécie de escravidão.
Em suma, grandes corporações
estão atuando em penitenciárias e lucrando com as prisões. A indústria
presidiária se tornou tão grande que está praticamente impossível se livrar
delas. Existem muitas autoridades envolvidas, e muita ‘grana’ rolando solta. E
quando essas duas coisas se juntam...
O povo precisa tomar o poder de
volta. É a única maneira, sob pena de continuar a sociedade refém de um sistema
opressor, injusto e racista.
O documentário também aponta
outro dado alarmante. Milhares de pessoas, presas injustamente, estão nas
cadeias hoje simplesmente porque não têm dinheiro, seja para pagar fiança, seja
para pagar um bom advogado. E isso na terra da liberdade.
O sistema judicial americano
trata melhor o rico culpado, do que o pobre inocente. A riqueza, e não a
culpabilidade é o que está moldando a justiça.
Então, o sistema de justiça não
funciona? Segundo os especialistas ouvidos, não é bem assim. Se todas as
pessoas quisessem ir a julgamento, o sistema judicial simplesmente não
comportaria. Entraria em colapso. Não existem juízes suficientes para julgarem
todas as demandas. Então, como funciona na prática? Através de ‘acordos’.
Geralmente o promotor diz: “você
pode fazer um acordo e lhe daremos três anos de prisão. Se for a julgamento,
vai pegar trinta. Quer arriscar? À vontade”. Ninguém se arrisca. Cerca de 97%
(noventa e sete por cento) das pessoas que foram presas fazem acordo com o
promotor. Isso é uma das piores violações dos direitos humanos que se pode
imaginar nos Estados Unidos.
As pessoas simplesmente se
declaram culpadas de crimes que não cometeram, porque têm medo de serem
condenadas e cumprir as chamadas penas mínimas obrigatórias, geralmente maiores
que as penas aplicadas quando do acordo. Na prática, a justiça está punindo
aqueles que têm a ‘audácia’ de não aceitarem um acordo e quererem um
julgamento.
Depois de provada sua inocência,
a pessoa presa é posta em liberdade. Mas tudo o que ela passou na cadeia, as
brigas, os insultos, a honra que foi manchada, o tempo que ficou longe da
família e dos amigos, a dignidade desrespeitada, não tem como recuperar. É um
mal que não pode ser apagado e segue o ex-detento por toda a vida. E isso
acontece todos os dias. A angústia, a vergonha, o sentimento de impotência é
tamanho, que não são raros os presos que cometem suicídio.