Trecho de texto apresentado na disciplina Autocomposição de Conflitos: Negociação, Conciliação e Mediação, do curso Direito bacharelado, da UFRN.
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Marshall B. Rosenberg: grande estudioso da chamada comunicação não-violenta. |
1.
Do fundo do coração – O Cerne da Comunicação Não-Violenta (pp.
19-36)
O
autor Marshall B. Rosenberg inicia o capítulo primeiro da sua obra
“Comunicação Não-Violenta – Técnicas Para Aprimorar
Relacionamentos Pessoais e Profissionais” dizendo acreditar ser da
natureza humana gostar de dar e receber de forma compassiva.
Assim,
continua o autor, tem se preocupado, durante a maior parte da sua
vida, com duas questões principais, a saber: 1) o que nos faz
desligar de nossa natureza compassiva, levando-nos a nos comportarmos
de maneira violenta e na exploração de outras pessoas; 2) O que faz
com que algumas pessoas continuem ligadas à sua natureza compassiva,
mesmo diante das situações as mais penosas.
Segundo
Rosenberg, tais preocupações teriam começado na sua infância, nos
anos de 1943, quando sua família mudou-se para a cidade de Detroit
(EUA). Nesta época, eclodiu um conflito racial, iniciado devido a um
incidente num parque público. Nos dias subsequentes, mais de quatro
dezenas de pessoas foram mortas.
O
autor conta que, como o bairro onde moravam ficava no centro daquela
violência, tanto ele, quanto sua família, passaram três dias
trancados em casa. Terminados os tumultos e iniciadas as aulas,
Marshall, um menino judeu, conta que foi agredido por dois colegas de
classe.
Desde
aquela época – verão de 1943 – ele conta que vem examinando as
duas questões examinadas alhures. Citou, inclusive, o exemplo de
Etty Hillesum, uma sobrevivente de um campo de concentração na
Alemanha nazista, que vivenciou grotescas condições de vida, mas
continuou compassiva. Enquanto analisava os fatores que afetam nossa
capacidade de nos mantermos compassivos, Marshall ficou impressionado
com o papel crucial da linguagem e do uso das palavras.
A
partir de então, o autor identificou uma abordagem
específica da comunicação – falar e ouvir –, a qual leva as
pessoas a se entregarem de coração, ligando-se a si mesmas e aos
outros de uma maneira tal que permite o florescimento da nossa
compaixão natural. A esta abordagem específica o autor Rosenberg
denominou Comunicação Não-Violenta,
utilizando o termo não-violência na mesma acepção que lhe
atribuía o indiano Gandhi.
Marshall
salienta que, apesar de podermos não considerar “violenta” a
maneira de falarmos, nossas palavras, não raras as vezes, induzem à
mágoa e à dor, tanto para os outros quanto para nós mesmos. No
livro, ele utiliza a abreviatura CNV para referir-se à comunicação
não-violenta.
Referência: ROSENBERG,
Marshall B.. Comunicação não-violenta: técnicas para
aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo:
Ágora, 2006. 285 p. Tradução: Mário Vilela, pp. 19-36.
(A imagem acima foi copiada do link Box Nova Escola.)