Para os que querem aprender um pouco mais...
André Singer: cientista político, formado em Ciências Sociais e em Jornalismo, professor doutor da USP e porta-voz da Presidência da República no primeiro governo Lula. |
Continuação de fragmentos do texto "Maquiavel e o Liberalismo: A Necessidade da República" (pp 347 - 356), de André Singer, retirado da obra "Filosofia Política Moderna", organizada por Atílio A. Boron. O texto foi utilizado nas discussões em aula da disciplina Ciência Política, do curso de Direito Bacharelado, turma 2016.2, da UFRN:
“Aquele que quiser construir um Estado necessita contar com três
fatores. O primeiro (...): as circunstâncias precisam ser favoráveis à ação.
(...) Em segundo lugar, requer-se liderança para empreender uma ação política.
(...) Em terceiro lugar, é imprescindível ter coragem de realizar as ações
exigidas pelas vicissitudes da refrega”. (p. 350 – 351)
“O
paradoxo está em ser capaz de agir de modo imoral para estabelecer a própria
moral”. (p. 351)
“(...)
a sorte é mulher e para dominá-la é preciso contrariá-la”. (p. 352)
“(...)
sugere Maquiavel, mais tarde retomado por Weber, a ética política precisa ser compreendida como uma ética especial,
separada da moralidade comum”. (p. 352)
“(...)
nem todo fim justifica qualquer meio, mas a
liberdade (que não existe sem Estado) justifica
o uso da violência”. (p.
353)
“(...)
se a soberania territorial é condição necessária para a liberdade política, não
quer dizer que seja suficiente. A soberania não se sustenta sem liberdade
política interna, porque só ela leva os cidadãos a agirem com virtù,
ou seja, colocar os interesses públicos acima dos interesses privados”. (p.
353)
“A
força de um Estado depende da participação popular, o qual por sua vez só surge
quando há liberdade de manifestação”. (p.
353)
“Ao
propor a saída republicana, Maquiavel
funda uma linha de pensamento que é uma das grandes vertentes do liberalismo
até hoje, o chamado republicanismo cívico”. (p.
354)
“O
tema da liberdade é tomado por Maquiavel sob a perspectiva de dois assuntos
interligados: o de como obter a soberania
– (...) fundar o Estado, o que só pode
ser conseguido pelas armas – e de como é possível manter o Estado o maior tempo possível longe da corrupção”. (p.
354)
“Para
manter o Estado o maior tempo possível longe da corrupção, é preciso adotar a
forma republicana de governo, a única que permite evitar, no longo prazo, a
guerra civil ou a tirania, porque nela os cidadãos desenvolvem uma virtù cívica”. (p.
354 – 355)
“A República se diferencia da Monarquia por ser o governo de mais de
um, podendo ser de muitos ou de poucos (Aristocracia ou Democracia), mas nunca
de um”. (p.
355)
“A tirania é aquele regime no qual um
decide arbitrariamente e os demais se sujeitam à sua decisão”. (p.
355)
“(...)
liberdade é o regime no qual a vontade de quem quer que esteja no comando sofre
a oposição pacífica de uma ou mais forças independentes. (...) a vontade do poderoso tem limites”. (p.
355)
(A imagem acima foi copiada do link Images Google.)