domingo, 18 de novembro de 2018

SAUDADES


Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.

Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra!



Casimiro de Abreu 
(1839 - 1860): poeta brasileiro



(A imagem acima, bem como o texto, foram copiadas do link Escritas.org.)

Um comentário:

PoetandoViver disse...

Como dizia o poeta Vinicius de Moraes: "Quem já passou por essa vida e não viveu,
Pode ser mais mas sabe menos do que eu. Porque a vida só se dá pra quem se deu,
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu."

Dentre as saudades dos amores a saudade infinita de alguém que se amou muito, mas que é impossível ver novamente pois não está mais neste plano é a mais cruel e dolorosa.

Vida que segue...