Como um “fi d’uma égua” pode ser útil na nossa vida
Certa vez um político de Aracoiaba promoveu uma festa numa de suas muitas fazendas compradas com dinheiro público. Como tinha comida, bebida e mulher grátis – necessariamente nesta ordem –, resolvi participar.
A certa altura da festança o político, que comemorava sua re-eleição, olhou para um lago onde criava dezenas de jacarés doados por um senador de Brasília. Com uma garrafa de uísque doze anos debaixo do braço esquerdo, andar cambaleante e voz enrolada por causa da embriaguez, o anfitrião encarou os convidados ali presentes e fez a seguinte proposta:
- Quem pular na água, atravessar o lago e sair vivo na outra margem ganhará dois cargos comissionados no meu mandato.
As pessoas olharam umas para as outras, gesticularam e murmuraram entre si, mas ninguém ousou entrar na água.
O político não se deu por satisfeito e desafiou só os homens:
- Se tiver “cabra macho” aqui para nadar no meio dos jacarés, além dos cargos comissionados eu vou dar a mão da minha sobrinha em casamento, e puxou a moça pelo braço, exibindo-a como um troféu.
Todos se calaram. Mas o silêncio logo foi quebrado pelo barulho de alguma coisa pulando na água. Era eu, que cai no lago, bem no meio dos répteis.
Nadei o mais rápido possível, mas os danados dos bichos me alcançaram. Começou uma luta impressionante. Tentei me defender de todas as maneiras, mas os jacarés, em vantagem numérica, levaram a melhor.
Depois dos instantes de terror e aflição saí do outro lado da margem cheio de arranhões, todo ensanguentado e quase nu. Os convidados, que presenciaram meu desespero, me acolheram como um herói.
O político se aproximou com um “sorriso de época de campanha eleitoral”, apertou minha mão e indagou:
- Em qual secretaria você gostaria de atuar: saúde, educação, saneamento...
Ofegante, dou um breve suspiro e respondo:
- Não quero trabalhar em droga nenhuma de secretaria.
- Entendi. Quer se casar com minha sobrinha, né, danadinho, brinca o anfitrião.
- Pode ficar com ela para o senhor, respondi.
Impressionado com minha modéstia e curioso para saber o motivo da recusa, o nobre gastador dos recursos públicos aracoiabenses pergunta:
- Então, caramba, o que você quer?
Dou outro suspiro e respondo com toda a raiva:
- Achar o “fi d’uma égua” que me empurrou no lago!!!
MORAL DA HISTÓRIA
1. Às vezes somos capazes de realizar coisas absurdas, que nós mesmos não acreditamos, só basta um EMPURRÃOZINHO.
2. Um ‘filho de uma égua’, em algumas ocasiões, até que é bastante útil na nossa vida. Portanto, respeite seus colegas que são ‘filho de uma égua’, puxa-sacos, ou coisas do gênero.
Observação: esta é uma história de ficção. Os políticos de Aracoiaba nunca fizeram churrascos particulares com dinheiro público! Ah, tá...