Durante as orações, numa antiga sinagoga de Israel, em determinado momento, metade da congregação se colocou em pé, enquanto a outra metade permaneceu sentada.
A metade que ficou sentada começou a gritar aos que tinham ficado de pé para que se sentassem, e a metade que estava de pé gritava aos outros para que se levantassem.
O rabino ficou sem saber o que fazer. A congregação lhe sugeriu que consultasse um sábio de 98 anos, um dos fundadores da sinagoga, que estava residindo num asilo devido à idade e problemas de saúde.
O rabino esperava, sinceramente, que o ancião estivesse em condições de contar como era a tradição no seu tempo e, pensando nisso, dirigiu-se ao asilo acompanhado de um representante de cada grupo em que estava dividida a congregação.
Já nos aposentos do velho sábio, o representante dos que haviam ficado de pé lhe perguntou se a tradição era colocar-se de pé naquele momento da oração. E o ancião respondeu:
– Não. Essa não é a tradição.
O representante dos que haviam ficado sentados, esgrimindo um sorriso vitorioso nos lábios, afirmou:
– Então, a tradição é permanecer sentado!
Ao que o sábio contestou:
– Não. Essa não é a tradição.
Como a polêmica permanecia sem solução, o rabino dirigiu-se ao homem sábio:
– O problema é que estão ocorrendo brigas constantemente: os que ficam de pé gritam aos que ficam sentados e vice-versa, e isso...
O sábio interrompeu o rabino, antes que este terminasse a frase, abriu um sorriso e exclamou:
– Essa é a tradição!
Silvio Tendler (nascido em 1950) é um documentarista e cineasta brasileiro. Conhecido como "o cineasta dos vencidos" ou "o cineasta dos sonhos interrompidos", é detentor das três maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro: "O Mundo Mágico dos Trapalhões" (1 milhão e 800 mil espectadores), "Jango" (1 milhão de espectadores) e "Anos JK" (800 mil espectadores).
(A imagem acima foi copiada do link Images Google.)