Ciclo da cana-de-açúcar: gerou disparidades que até hoje estão presentes na nossa sociedade. |
O processo de formação do Estado brasileiro privilegiou pequenos grupos, as chamadas elites, que ao longo dos séculos tinham como única preocupação a defesa de seus próprios interesses.
Tal
sistema gerou um processo social excludente cujas raízes remontam ao tempo da
colonização. Naquela época a Coroa Portuguesa, não possuindo recursos
suficientes para explorar as terras recém descobertas, repassou a tarefa para
particulares, através das Capitanias Hereditárias.
Cada capitania, que eram vastas faixas de terras
nas quais a colônia fora dividida, era de propriedade de um único dono, que
podia dispor dela como bem entendesse. Foi daí que surgiu o latifúndio e os
grandes módulos rurais, responsáveis pela concentração de terras e os problemas
agrários que perduram hodiernamente.
Ainda
na época da colonização, os habitantes que já viviam nas terras ocupadas pelos
portugueses – os indígenas – tiveram suas propriedades tomadas e foram
obrigados a trabalharem na exploração do pau-brasil, madeira nobre, bastante valorizada
na Europa.
Posteriormente,
com a descoberta de pepitas de ouro na região sudeste, veio o ciclo do ouro.
Com o declínio das minas, surgiu no nordeste outra atividade: o ciclo da cana-de-açúcar.
Ambas as atividades geraram riquezas incomensuráveis para uma pequena minoria,
aumentando ainda mais o abismo entre as classes sociais.
Mas
os indígenas, antes utilizados na exploração do pau-brasil, não se adaptaram ao
trabalho compulsório dos ciclos do ouro e da cana-de-açúcar. Era preciso dispor
de uma mão de obra mais forte, resistente e lucrativa. A saída foi a utilização
de negros africanos nessas atividades econômicas, dando origem no Brasil à
escravidão, uma prática vergonhosa que perdurou por mais de trezentos anos na
nossa história.
Após
o declínio do ciclo da cana-de-açúcar uma nova riqueza começou a ser explorada,
especialmente na região sudeste: o café. Este novo ciclo econômico foi o
responsável – como a cana-de-açúcar fora no nordeste – de uma acentuada
concentração de terras, através das fazendas de café, que expulsou pequenos
agricultores de suas terras e fez surgir a figura do barão do café.
Com
o fim da escravidão, surgiu o instituto do trabalho assalariado, principalmente
nas fazendas de café. Contudo, os negros libertos não partilharam desse instrumento
e, sem possuírem terras, foram empurrados para as periferias e se alojaram em
morros urbanos. Nasciam as favelas, com suas casas de palafita, que até hoje
são presença marcante dos grandes centros urbanos.
A
crise financeira mundial de 1929 pôs um fim ao glorioso ciclo do café, mas fez
surgir uma nova fase econômica: a industrialização. Com um mercado consumidor
em ascensão, os pioneiros do capitalismo nacional fizeram fortuna e se tornaram
verdadeiros magnatas industriais.
Por
outro lado, os louros desfrutados pelos donos das indústrias não se refletiam
na grande massa de operários, que se matavam de trabalhar nas fábricas,
recebiam uma esmola e não dispunham de nenhuma garantia de que continuariam
trabalhando.
Todos
esses modelos de exploração econômica, associados ao descaso do
poder público, influenciaram negativamente no desenvolvimento da nossa
sociedade, tornando-a excludente, desigual e com elevada concentração de
riquezas.
Nesse
contexto, aqueles grupos que historicamente ficaram à margem desse processo,
como índios, negros, pequenos produtores rurais e trabalhadores assalariados,
acabaram sendo prejudicados por injustiças históricas e, até hoje, lutam por melhores perspectivas de desenvolvimento e para saírem dessa situação de excluídos.
Como resolver o problema da exclusão social no nosso país? A saída não é fácil, uma vez que se trata de um processo que perdura há séculos. A resposta é começar com pequenas atitudes capazes de permitir que tais grupos excluídos sejam capazes de uma melhor ascensão e representação social.
Como resolver o problema da exclusão social no nosso país? A saída não é fácil, uma vez que se trata de um processo que perdura há séculos. A resposta é começar com pequenas atitudes capazes de permitir que tais grupos excluídos sejam capazes de uma melhor ascensão e representação social.
Fonte: introdução do trabalho em grupo, de conclusão da 3a unidade, da disciplina de Ciência Política, do curso Direito (Bacharelado), da UFRN, turma 2016.2.
(A imagem acima foi copiada do link Historiar.)