Revista produziu um falso extrato de uma conta bancária inexistente do senador Romário e divulgou uma delação inexistente
Em novembro, a revista americana Rolling Stone publicou uma matéria "um estupro no Campus" onde uma aluna da Universidade de Virgínia havia sofrido um chocante estupro coletivo no Campus da Universidade. A reportagem teve uma repercussão incrível, instantânea, e obviamente chocou toda a sociedade norte-americana.
A Universidade e seus dirigentes, sofreram ataques furiosos, pois foram omissos para lidar com a situação. O problema é que após a publicação da história, os investigadores não foram capazes de encontrar provas de que o estupro tenha de fato ocorrido. A história se baseou principalmente em uma única fonte anônima, a alegada vítima, Jackie.
Quando a avaliação foi publicada, a revista se retratou oficialmente e pediu desculpas. O diretor de redação da revista, Will Dana, pediu demissão. Não se sabe claramente se isso tem ligação com a história do estupro.
A reitora da universidade está pedindo 7 milhões de dólares de indenização por danos à imagem e reputação da escola e dela mesma. Nos Estados Unidos, país sério, as cifras são altas para obrigar a imprensa a tomar cuidado antes de publicar denúncias.
É uma história exemplar para nós aqui no Brasil, país não tão sério assim... Recentemente, numa única edição, a revista Veja cometeu dois crimes jornalísticos:
Um que anunciou uma delação premiada que simplesmente não existia. Os advogados do personagem sequer foram ouvidos pela revista, como se viu antes mesmo da revista chegar às bancas. Quer dizer, ninguém se esforçou para verificar a veracidade da informação que alguma fonte maligna passou para a Veja.
Romário na Suíça: foi atrás do dinheiro que "Veja" disse que ele tinha. Não encontrou nada... |
O segundo crime foi contra o ex-jogador e senador Romário, a quem a revista atribuiu uma milionária conta secreta na Suíça, com cerca de 7,5 milhões de reais. Conta esta que era falsa. Romário negou a veracidade da informação, e foi a Suíça para provar isso.
Chegando lá, o ex-jogador constatou toda a fajutice da Veja. Ou seja, mais uma vez, ninguém checou a informação. O 'baixinho' publicou nas suas redes sociais a declaração do banco suíço de que o documento era falso. A revista fingiu que nada tinha acontecido...
Os autores da reportagem simplesmente sumiram das redes sociais, apagaram seus perfis, e a Veja continuou a dar uma de 'joão sem braço". Até que o senador anunciou que estava processando a revista pedindo dez vezes o valor que ela afirmara que ele tinha escondido na Suíça: 7,5 milhões x 10 = 75 milhões de reais!
Publicar um documento sem checar a autenticidade é apenas a demonstração da degradação jornalística da Veja. Além disso, isso é crime, e dos graves, muito mais grave do que o cometido pela Rolling Stone.
Será que os Estados Unidos estão errados ao exigir seriedade e precisão da informação publicada pela imprensa? Ou será que o Brasil é que está, deixando que se publique algo sem ao menos checar a veracidade?
Nos Estados Unidos, país sério, publicando as mentiras que publica, a Veja estaria fechada há muito tempo. Aqui no Brasil, fala sério... ela continua saindo toda semana.
Temos muitas leis para proteger a liberdade de expressão, mas não há uma única lei que proteja as pessoas da imprensa. Não somos um país sério.