terça-feira, 16 de setembro de 2014

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.



Vinicius de Moraes (1913 - 1980), jornalista, diplomata, dramaturgo, poeta e compositor, um dos mais famosos - e dos melhores - ícones da cultura brasileira. Nasceu e morreu no Rio de Janeiro, a "Cidade Maravilhosa", grande inspiração de suas obras. Teve como principais parceiros na música Tom Jobim, Chico Buarque e Toquinho. Conhecido como um boêmio inveterado (amante do cigarro e do uísque) e um grande conquistador, Vinícius de Moraes casou-se nove vezes. Um gênio - e pegador!!!    


(A imagem acima foi copiada do link Escritores do Brasil.) 

Um comentário:

Alvaniza disse...

Belíssimo! Amo este poema. Nele percebe-se a valorização do amor (algo tão banalizado nos dias atuais) e a promessa de fidelidade de um ser apaixonado. Para o escritor o amor não reflete apenas um sentimento de felicidade ao que ele soma a dor que o amor também pode provocar e, por fim, a certeza cruel que não durará para sempre, senão apenas enquanto se vive. Porém, para uma eterna romântica que sou o amor verdadeiro e puro transcende a morte - "angústia de quem vive. E a "solidão: fim de quem ama." Parabéns André. Amei!