Direito, História, democracia, cidadania, Filosofia, Sociologia. Tudo num único documentário
O complexo industrial criminal é
um sistema que age como uma fera. Devora comunidades inteiras, destroça
famílias, acaba com reputações, destrói o que há de melhor nas pessoas. As
cenas mostradas no documentário mostram isso. Detentos sendo humilhados pelos
guardas, recebendo surras e outros castigos físicos, sem a mínima atenção às
suas prerrogativas de pessoa humana.
As cenas são fortes, mas são
reais e acontecem quotidianamente. As prisões não reabilitam os detentos, pelo
contrário, tiram deles o que os faze humanos. Tiram sua individualidade, sua
decência, sua dignidade. Seres humanos não nasceram para viver em celas, como
animais. A liberdade deveria ser a regra.
As prisões estão virando
verdadeiros depósitos de carne humana. Depois que alguém é encarcerado, ele
desaparece. Mesmo depois que conquista a liberdade, nunca mais será o mesmo. E
quando sai, continua marginalizado. Para conseguir emprego, financiamento
habitacional ou estudantil é quase impossível, o estigma acompanha o detento
pelo resto da vida. É como se a dívida com a sociedade nunca fosse paga.
E se nos Estados Unidos é assim,
quanto mais em outros países menos ‘avançados’ em termos econômicos e sociais.
É imperativo que todo o sistema
seja redefinido. Para Hillary Clinton, que disputou a corrida
presidencial em 2016, a polícia deve servir à comunidade, e não oprimi-la. Já é
um bom começo.
Outro fato que demonstra que a
questão do encarceramento em massa deve ser revista foi a visita do então
presidente Barack Obama a um presídio. Nesse ponto, Obama fez
história em dois aspectos: foi o primeiro negro a chegar à Casa Branca e o
primeiro presidente norte-americano em exercício a visitar uma prisão.
Parecia que uma centelha de
mudança começava a surgir. Mas então veio o Trump... O documentário
mostra cenas deprimentes, de negros sendo agredidos por brancos em comícios de Donald
Trump. Em pleno século XXI, um candidato à presidência se mostra conivente
com a segregação dos negros. Um retrocesso em todas as conquistas dos afro americanos,
conseguidas a duras penas. Trump foi eleito presidente, o tempo dirá se
foi uma boa escolha do ponto de vista das pessoas ‘de cor’, latinos e
imigrantes. A julgar pelas cenas de racismo deploráveis vistas nos comícios
dele, achamos que não.
O documentário A 13ª Emenda
mostra, ainda, uma estatística preocupante e alarmante. Se você é branco, a
chance de ser preso é de 1 em 17. Se você é um jovem negro, a chance é de 1 em
3. Os dados são do Departamento de Justiça.
Homens negros formam cerca de
6,5 % (seis e meio por cento) da população norte-americana. Todavia,
representam 40,2% (quarenta vírgula dois por cento) da população carcerária. E,
pasmem, temos hoje mais afro americanos
sob supervisão criminal do que escravos em 1850. Alguém aí ainda duvida que
tem alguma coisa errada?
É fato. O complexo industrial
prisional se vale historicamente da herança da escravidão. A 13ª emenda proíbe
a escravidão, exceto se você for condenado por um crime. Desta feita, nos EUA,
quando alguém é condenado por um crime se torna, em essência, um escravo do
Estado.
Apesar de a 13ª emenda ter
representado verdadeiro marco para a liberdade e a abolição, hodiernamente, a
realidade é bem mais problemática. Quem busca utilizar esta cláusula como
ferramenta de controle, tem algo poderoso nas mãos, pois está agindo sob o
amparo constitucional.
(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)