Excelente documentário
O documentário deixa claro,
através da opinião de ativistas, especialistas, e evidências históricas, que ao
longo da história americana, os negros sempre foram dominados por sistemas de
controle racial e social. Tal controle, em muitas situações e sob muitos
aspectos, beirou o genocídio.
Tais sistemas de controle
parecem acabar, mas se analisarmos bem, veremos que eles renascem, são
ajustados e se adéquam às necessidades e restrições de cada época.
Depois do fim da escravidão,
surgiu um novo sistema: aluguel de presos, que não passava de uma forma nova de
escravidão. Quando o sistema de aluguel de presos chegou ao fim, surgiu outro
mais infame: o sistema Jim Crow, que rebaixava as pessoas ‘de cor’ a um status
permanente de segunda classe. Assim, os negros não poderiam frequentar
determinados lugar frequentados por brancos.
Hoje, décadas se passaram após o
colapso do sistema Jim Crow, e um novo sistema surge, outra vez, em solo
americano. Um sistema de encarceramento em massa que, mais uma vez, tira
milhões de pessoas pobres e negras do convívio em sociedade. Nega-lhes os
mesmos direitos civis conquistados a duras penas, com o sangue, a liberdade e a
própria vida de tantos ativistas, que tombaram nessa trajetória.
A História se repete, mas poucos
percebem porque simplesmente não se importam e seguem em frente. Esquecem que
os fantasmas do passado não desapareceram. Volta e meia vêm assombrar a
sociedade livre, tolhendo a liberdade, a dignidade e a justiça, agora, além dos
negros, de pobres, latinos e imigrantes ilegais.
A história da questão racial não
acabou. Hoje, ela se tornou na presunção de periculosidade e culpa que
acompanha todo negro ou pardo, aonde quer que ele vá.
A crônica policial está repleta
de relatos de prisões arbitrárias e execuções sumárias de cidadãos, pelo
simples fato de serem negros. Para a ativista Melina Abdullah, as
comunidades ocupadas por afro americanos se transformaram em territórios
ocupados (como na guerra), e os negros ao serem parados podem ser interrogados,
revistados, presos e até mortos. E tudo fica impune.
Se formos analisar a história
das lutas dos negros na sociedade americana, veremos que a maioria dos
protestos envolvendo pessoas ‘de cor’, que saíram às ruas para pedir justiça,
se deu ensejada pela violência policial.
O abuso da polícia contra os
negros é algo comum, quase corriqueiro nos EUA. E esse processo guarda uma
estranha similitude com o que acontece em outros países, como aqui no Brasil.
Por fim, o documentário A 13ª
Emenda mostra vídeos reais – com autorização das famílias das vítimas – de
negros sendo assassinados sumariamente pela polícia. São cenas impactantes, mas
verdadeiras, de situações que acontecem quase todos os dias. Se o telespectador
não se convenceu, durante os 93 (noventa e três) minutos anteriores, que os
afrodescendentes são perseguidos e oprimidos na sociedade norte-americana,
estas imagens são bastante eloquentes.
Mas a violência policial não é o
problema em si. Ela é o reflexo de um sistema brutal, bem maior de controle
racial e social, conhecido como encarceramento em massa, que autoriza (e deixa
impune!) esse tipo de violência.
O que fazer, então?
Lembrarmo-nos que toda forma de vida é importante. Não apenas a vida do negro,
do latino, do imigrante, do presidiário. Todos têm seu valor para a sociedade e
para o país. Todos têm a sua individualidade, a sua dignidade, a sua história
de vida, que precisa – e deve – ser respeitada. Pelo Estado, pela comunidade,
por todos.
O oposto da criminalização é a humanização.