Eichmann em Jerusalém - Um Relato Sobre a Banalidade do Mal é um livro escrito pela filósofa judia Hannah Arendt. A obra, publicada em 1963, foi a união de diversos artigos da filósofa que fez a cobertura do julgamento do nazista Adolf Eichmann para a revista The New Yorker. Vale a pena conferir.
Mas se você não achar o livro, ou se não encontrar tempo para ler, vou dar uma mãozinha, seu preguiçoso! A seguir, alguns textos dessa obra fantástica, que apresentei como trabalho final da disciplina de Sociologia e Antropologia, da turma 2016.2, do curso de Direito Bacharelado da UFRN:
XIII
OS
CENTROS DE EXTERMÍNIO NO LESTE
Neste
capítulo a autora Hannah Arendt fala das atrocidades cometidas pelos nazistas
numa vasta área da Europa, que incluía a Polônia, o território soviético
ocupado pelos alemães e os Estados Bálticos. Esses foram os primeiros países
sobre os quais foram apresentados testemunhos de acusação no julgamento de
Adolf Eichmann, em Jerusalém.
Segundo
a autora, o Leste foi o cenário central do sofrimento judeu. Ela o descreve
como o lugar de onde não havia escapatória, uma vez que o número de
sobreviventes não passava de 5%. A acusação usou esse argumento contra o
acusado, pois dava uma ideia da dimensão do genocídio praticado, não só contra
o povo judeu, mas contra todos que os nazistas consideravam como raças
inferiores.
Mas
o dr. Servatiu, advogado de defesa de Eichmann tentou desmerecer os acusadores
apresentando os seguintes argumentos:
a) as
provas ligando o acusado às atrocidades cometidas no Leste Europeu eram
escassas, uma vez que os arquivos sobre a seção de Eichmann tinham sido
destruídos pelos nazistas;
b) os
argumentos das testemunhas que teriam visto o acusado com seus próprios olhos
caía por terra, uma vez que Eichmann era um funcionário burocrático, nunca
tendo sequer pisado na maioria dos locais de extermínio;
c) por
ser em Israel, grande parte dos juízes eram judeus, o que provocaria um veredicto
parcial no julgamento de alguém acusado de ter contribuído com o holocausto; e,
d) Eichmann
cumpria ordens e nunca chegou a assassinar ninguém, só era o responsável em
fazer os trens que levavam os judeus partirem na hora certa.
Todos
esses argumentos foram contraditados pela acusação. Para os acusadores,
Eichmann era seu próprio chefe, podendo, portanto, ser diretamente
responsabilizado por tudo o que acontecia sob sua jurisdição. E mais, ele já
sabia, evidentemente, que a esmagadora maioria das pessoas que embarcaram
naqueles trens jamais voltaria com via. Mesmo sabendo disso, ele não fez nada
para impedir.
(A imagem acima foi copiada do link Wook.)