terça-feira, 9 de junho de 2009

A TRISTE HISTÓRIA DO PARDALZINHO (Adaptado)


Era uma vez um pardalzinho que odiava ter que voar para o sul fugindo do inverno. Ficava tão apavorado com a ideia de deixar o seu lar e suas coisas que decidiu adiar a viagem até o último momento possível.

Depois de se despedir carinhosamente de todos os seus amigos passarinhos que partiram, voltou ao seu ninho e ficou por mais algum tempo. Finalmente, o clima se tornou tão intensamente frio que ele não pôde mais adiar a viagem. Quando o pardalzinho deu início ao seu voo rumo ao sul, iniciou uma forte chuva. Rapidamente começou a se formar gelo sobre suas asas.

Quase morto de frio e exausto pelo esforço extra por causa da camada de gelo em suas penas, o pobre pardal foi perdendo altura. Não aguentando mais sustentar o próprio peso, caiu por terra num pátio de estrebaria. Quando estava exalando o que pensava ser o seu último suspiro, um cavalo saiu da cocheira, virou o traseiro em sua direção, e cobriu de merda o coitado do pardalzinho.

De imediato, a avezinha não podia pensar em outra coisa a não ser naquele modo horrível de morrer: “todo cagado”. Entretanto, quando as fezes do cavalo começaram a descer e penetrar em suas penas, começaram também a aquecê-lo. A vida aos poucos começou a voltar em seu corpo e o pardalzinho descobriu também que tinha espaço suficiente para respirar.


Com ar quente em seus pulmões, o pardal sentiu uma súbita alegria e começou a cantar. Naquele instante um grande e faminto gato que passava por ali escutou o canto do pássaro e foi até o pátio da estrebaria. Ouvindo

o gorjeio da ave e para descobrir de onde vinha o trinado, o gato começou a mexer o monte de merda. Após retirar de cima do pardalzinho o excesso de excrementos, ele descobriu a ave e a comeu.

Da fábula acima pode-se tirar as seguintes conclusões:

1) Nunca deixe seus projetos para depois, nem tome decisões importantes em cima da hora.

2) Nada é tão ruim que não possa piorar!

3) Nem todo aquele que caga em cima de você é seu inimigo!

4) Nem sempre quem tira você da merda é seu amigo!

5) Se você sente-se quente e confortável, mesmo estando num monte de merda, fique de bico fechado!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

ACIMA DE TUDO O AMOR


Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos […] Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse o amor, eu não seria nada.

Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.

O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. […] Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor. 

Bíblia Sagrada - 1 Coríntios 13, 1a.2-9.13.

Às vezes ficamos esperando que nossa felicidade dependa de outra pessoa. Cobramos dela um sentimento (amor?) que nem sabemos ao certo o que significa. Às vezes buscamos a perfeição, mas o outro(a) só quer que demostremos um pouco de defeitos. Tentamos muitas vezes ser o par ideal, aquele que escuta os problemas, que aconselha, que lembra da data do primeiro beijo… Mas nem sempre o outro(a) acha isso suficiente.

O ser humano é complicado. Para conquistar o amado(a) você se faz passar por alguém que não tem nada a ver com sua personalidade. Mas não faz isso por mal. Às vezes já se é bom, mas tenta-se mostrar para a pessoa amada que se pode ser melhor ainda. Não para exibir-se, mas para que ela saiba que você está disposto a fazer qualquer sacrifício para provar o seu amor por ela.

Pois é, apesar de belo, o amor é complicado...

terça-feira, 2 de junho de 2009

DESABAFO DE UM POLICIAL

Por que a mídia fala tão mal da polícia...

Todos os dias nos telejornais da cidade de Natal são noticiados casos de abusos de poder, corrupção, violência e outros crimes praticados por policiais. Os programas de TV exibidos na hora do almoço - momento em que se tem maior audiência - estão repletos de furos de reportagens, enquetes, reportagens especiais e outra gama de notícias que sempre falam mal da polícia.

Os apresentadores, muito deles sem diploma universitário, abrem a boca para dar opiniões e tecerem comentários a respeito da segurança pública como se fossem profundos conhecedores dessa área. Sou suspeito de falar, mas gostaria de expor aos que lerem estas linhas minha total indignação, e por que não dizer, revolta, a esses profissionais que se auto-intitulam defensores da opinião pública e porta-vozes dos anseios de uma população reprimida pelas forças policiais.

Questiono-me por que tais programas utilizam-se de tanto sensacionalismo para falarem mal de quem tem a obrigação e o dever legal de combater a criminalidade. Por que alguns apresentadores denigrem tanto a imagem dos profissionais que trabalham na segurança pública?

Será alguma espécie de revolta por já terem sofrido algum constrangimento? Será que é alguma mágoa por não terem conseguido ingressar na carreira policial? Ou será que é pura falta de não ter o que noticiar?

O mais interessante é que o trabalho certo que a corporação faz ninguém sabe. Se um PM ou um policial civil cometem abusos nas suas respectivas funções, não é noticiado que fulano ou beltrano fizeram algo de errado. O que sai na mídia é que a polícia agiu de maneira inadequada. Quando há prisão de ladrões, traficantes, assassinos e outas espécies de criminosos, os telejornais pouco mostram. Claro, isso não dá audiência, tampouco vende notícia. Parece que nossos profissionais da comunicação querem jogar a opinião pública contra os policiais. Querem deixar na população a falsa imagem que a polícia é a vilã da história.

Todos os dias chovem denúncias no rádio, na TV, nos jornais e até em revistas locais contra as polícias. Entretanto ninguém dá atenção às reclamações e pedidos que os integrantes dessas forças fazem, como melhores salários, melhor plano de carreira, viaturas e equipamentos que ofereçam dignas condições de trabalho, dentre outras.

As polícias militar e civil, apesar do total descaso e abandono por parte das autoridades, desempenham, sim, seu dever de combater a criminalidade e zelar pela segurança pública. Nós policiais juramos defender - com o sacrifício da própria vida, se for preciso - a sociedade. Isso inclui, também, aqueles que por algum motivo não simpatizam conosco.

Para os quadrúpedes pensantes que se auto-intitulam comunicadores queria dizer, em nome de todos os policiais, que mesmo falando mal da gente, continuaremos zelando pela segurança e pelo direito constitucional à liberdade de expressão que vocês têm - mesmo que seja para falar asneiras.


(Imagem: arquivo pessoal.)

sábado, 30 de maio de 2009

MÃE É MÃE


Minha mãe faleceu no dia 06 de outubro de 2008. Chamava-se Maria Paulino Pereira e tinha 69 anos de idade. Se estivesse viva, hoje - 30 de maio de 2009 - completaria 70 anos de idade. Essa é a primeira vez que escrevo algo sobre ela - excetuando-se as homenagens que fiz para a missa de sétimo dia.

Minha mãe foi sempre alegre e cheia de vida, não me lembro de tê-la visto triste. Com raiva, séria, preocupada, sorridente ou reclamando de algo, muitas vezes, mas triste, nunca a vi. Ela sempre dizia que mãe é mãe, e eu, na minha ignorância de filho caçula, jamais entendi direito o que aquelas palavras simples queriam dizer.

Já fui ao Ceará algumas vezes depois do fatídico 06 de outubro. Visitei meu pai e revi o restante da família. Na casa onde cresci tudo estava mudado: os móveis pareciam fora do lugar; as plantas do jardim e do pomar apresentavam-se mal-tratadas; as galinhas aparentavam sentir a falta daquela que por anos e anos serviu-lhes o milho religiosamente no horário certo; o quintal, o terreiro e o oitão precisavam de uma faxina minuciosa.

Procurei um copo para beber água e, não encontrando, quase perguntei por impulso: mãe, cadê os copos?, mas lembrei que a dona da casa não estava. Mais tarde, quis uma toalha limpa para me enxugar após o banho. Revirei o guarda-roupa, a estante e a cômoda. Nada.

Perguntei a uma de minhas irmãs que lá estavam onde eu acharia toalhas limpas. Esta respondeu-me com ar triste que quem sabia onde estavam todas as toalhas, lençóis, redes, travesseiros, era nossa mãe.

Certa vez, lá pelas dez e meia da noite senti a barriga roncando. Tinha esquecido de jantar. Até nisso a dona Maria se preocupava, sempre me indagando se eu estava com fome ou se já tinha comido.

Esses fatos todos aconteceram entre os meses de outubro de 2008 e fevereiro de 2009. Estamos no finalzinho de maio e há três meses não vou ao Ceará.

Longe de casa, da família e dos amigos de infância começo a compreender o que minha mãe queria dizer com aquelas palavras.

Mãe não é apenas aquela que te traz ao mundo, mas quem te dá amor, carinho, proteção e segurança; é aquela que cuida da casa e da família de um jeito todo especial que ninguém mais - mesmo se esforçando muito - consegue imitar; mãe sempre pergunta se você já se alimentou, mesmo que a refeição tenha acabado de ser consumida; sempre sabe do que o filho precisa, antes mesmo que ele peça; mãe é aquela que te recomenda para não chegares tarde em casa, mas só dorme sossegada depois que você regressa; mãe é aquela que conhece detalhadamente cada filho, o que ele gosta, o que sente, quando precisa de atenção, a comida preferida; mãe é a única que reza terço, faz novena, manda celebrar missa e solta fogos comemorando a aprovação do filho no vestibular; mãe torce, se emociona, briga pela família, mas também repreende quando necessário.

Mãe é isso e muito mais. Na minha ignorância de filho mais novo talvez nunca chegue a entender completamente o que a sábia frase da dona Maria Paulino queria dizer. Talvez nem ela mesma conseguisse definir com palavras o que é ser mãe. Mas através das atitudes do dia-a-dia para com os doze filhos, marido, netos, bisneto, primos, irmãos, sobrinhos, amigos, compadres, comadres e afilhados, mostrou na prática o que é, verdadeiramente, ser mãe.

terça-feira, 19 de maio de 2009

HISTÓRIA DO JOÃOZINHO


No meu tempo de escola, lá em Aracoiaba (interior do Ceará), meus colegas costumavam contar piadas e anedotas na hora do recreio - era nosso passatempo predileto, já que não havia quadra esportiva. Entre os muitos causos que escutei o que mais me chamou a atenção foi este:

A professora chega na sala de aula e saúda os alunos:
“Bom dia crianças”.
“Bom diaêêêêê”, responde a criançada.
A mestra acha aquilo estranho, mesmo assim inicia a chamada.
No dia seguinte... “Bom dia sala”.
“Bom diaêêêêê”, respondem os alunos, e ela, como de praxe, faz a chamada.
No outro dia: “Bom dia meus amores...”
“Bom diaaaaaaa”, responde a turma em coro.
A professora estranha a resposta:
“Ué, cadê o bom diaêêêê?”, mas faz a chamada:
“Paulinho?”
“Presente”.
"Mariazinha?”
“Presente”.
“Joãozinho?”
Silêncio.
“Joãozinho?” “Joãozinho!”
“Não veio, tá doente”, responde um aluno.
A professora então reflete:
“Todos os dias eu escuto bom diaêêê, mas hoje como o Joãozinho não veio, só escutei bom dia, por que será?”
Então combina com a turma para pregar uma peça no garoto:
“Crianças vamos fazer uma brincadeira com o Joãozinho. Amanhã quando eu chegar e der o bom dia, ninguém responde. Vamos escutar a resposta do João”.
No outro dia, a professora chega e cumprimenta os alunos:
“Bom dia crianças”.
Ninguém responde, mas o danado do Joãozinho grita em alto e bom tom:
“Vá se f...êêêê!”

Lembro dessa piada, às avessas, sempre que assisto aos jogos da seleção principal de futebol masculino. Na hora em que é executado o hino nacional: a torcida, nas arquibancadas, canta; os torcedores, em casa, cantam; a comissão técnica, à beira do gramado, canta; e os jogadores, no gramado, mexem os lábios sem pronunciarem som algum. Já pensou!

Logo eles, que deveriam ter na ponta da língua os versos do hino nacional, são os primeiros a dar o mau exemplo. Você pode até achar meu espanto um exagero, afinal, o jogadores tem que mostrar serviço dentro das quatro linhas, e não saber cantar.

Beleza. Mas com o hino nacional é diferente… Este é ensinado nas primeira séries do ensino público - pelo menos era assim lá em Aracoiaba - e é dever de todo brasileiro saber cantar ao menos o refrão.

Sim, mas, e se o jogador não frequentou a escola… Engraçado, quando eles vão jogar na Europa aprendem rapidinho o idioma do país onde jogam.

Não tenho competência para julgar ninguém, mas qual será a confiança que um time passará para seus torcedores, se não sabe sequer cantar o hino do país que está representando?

A copa do mundo está se aproximando, será que o Dunga vai lembrar disso na hora da convocação? Ou presenciaremos, mais uma vez, onze Joãozinhos em campo?