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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

É MUITA HIPOCRISIA, CARA!

Se um aluno da UFRN usa maconha dentro do campus, está exercendo sua liberdade. Se um policial vai para a aula armado, está agindo na ilegalidade...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

COMO A UFRN TRATA QUEM NÃO É MACONHEIRO

Veja como a universidade é liberal para o uso de drogas, mas rigorosa em outras questões

Ontem a direção do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes (CCHLA), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mandou um e-mail para seus alunos. O conteúdo versava sobre a decisão de proibir o porte de armas para os estudantes policiais durante as aulas. A direção do CCHLA tomou essa medida motivada por “várias denúncias”.

Alguns policiais, amigos meus, que estudam na UFRN pediram que eu comentasse o assunto no meu blog. Sou suspeito de falar... Por isso resolvi não dar minha opinião. Deixo para os leitores a tarefa de julgar essa medida polêmica.

Entretanto, acho que a universidade só ouviu um lado da história. Um policial é um agente da segurança pública que recebeu treinamento para portar e manusear arma de fogo. Se alguém leva sua arma consigo para a aula, deve ter motivos fortes.

Ninguém é idiota de sair mostrando seu ‘instrumento de trabalho’ por aí. E até onde eu sei, nunca houve nenhum disparo de arma de fogo por parte de algum policial estudante no perímetro da universidade.

O policial que dá plantão de 24 horas sabe a dificuldade que é para ser liberado para frequentar as aulas. Diversas vezes chega atrasado e não tem com quem deixar seu armamento. Muitos policiais, devido à natureza de seu serviço, já foram ameaçados de morte e andam armados para onde quer que vão - inclusive para a aula.

Com uma medida dessas a direção do CCHLA, e a própria UFRN, em nada ajuda aqueles profissionais da segurança que querem adquirir conhecimentos para desempenharem melhor suas atribuições legais. Dentre essas atribuições, a de manter a integridade das instituições - inclusive da UFRN - mesmo com o risco da própria vida.

Mas por incrível que pareça, essa atitude não me deixou impressionado. O que esperar de um centro acadêmico que tem no seu setor de aulas, o Setor II, o sinônimo de “maconhão”? O que esperar, então, de uma universidade que faz vista grossa para o consumo de drogas ilícitas no seu campus e ainda é conivente (cúmplice) com uma marcha de liberação da maconha nas suas dependências?

Assim estão sendo formados os futuros profissionais liberais na universidade federal...

Quanto aos usuários de drogas no Setor II, nem CCHLA, nem UFRN, aparentam estar preocupados. Ao contrário, como já foi dito, parecem fazer vista grossa para o assunto. Talvez porque um maconheiro, que financia o crime, tenha mais respaldo nessa universidade do que um profissional da segurança pública.

Que pena. Escolhi não me corromper e pautar minhas ações – na polícia e na universidade – pelos preceitos da ética e da moral, mas estou sendo desencorajado. Acho que vou começar a usar maconha. Quem sabe assim a direção do CCHLA e a UFRN me respeitam mais...



A seguir, o texto na íntegra enviado aos estudantes pela direção do CCHLA:

A Direção do CCHLA recebeu várias denúncias acerca do porte de armas em salas de aula por parte de alunos policiais civis e militares. Considerando a gravidade do assunto, solicitamos parecer da Procuradoria Jurídica da UFRN, que opina:

“PELA ILEGALIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO POR POLICIAIS CIVIS E MILITARES NAS SALAS DE AULA DA UFRN”

O porte de arma só é justificável se o policial estiver, por algum motivo, em serviço na UFRN. Veja trecho do parecer:

“O aluno-policial não está no exercício de suas funções profissionais quando em atividade acadêmica nem investido da qualidade de agente público, ficando a segurança do ambiente universitário a cargo de sua administração. Devem-se privilegiar as atividades de ensino pesquisa e extensão, fins precípuos da instituição, em detrimento da prerrogativa individual do policial. Importante salientar, todavia, que a presente instituição não deverá coibir em caráter absoluto o porte de arma, em suas dependências (salas de aulas, laboratórios), por alunos policiais, ficando ressalvadas as situações em que haja necessidade real e fundamentada do porte de arma em caráter irrestrito por parte do policial, quando no exercício de sua atividade profissional, por exemplo, em investigações específicas. Tal exceção, contudo, deve ser solicitada pelo Comandante Geral da Polícia Militar ou pela autoridade de Polícia Civil competente, no tocante a alunos policiais militares e civis, respectivamente, ao Reitor desta Universidade, estando sujeita à cuidadosa análise.”

A Direção


(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PARABÉNS, FMU

Ontem os médicos do Hospital Walfredo Gurgel fizeram uma paralisação de duas horas durante o plantão. O fato não chegaria ao conhecimento da população porque nenhum veículo de mídia impressa ou televisiva estava no local para fazer a cobertura.

Não chegaria, mas...

Os estudantes da FM Universitária (FMU), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), estiveram lá para denunciarem o estado de abandono e superlotação pelo qual está passando o principal hospital de urgência e emergência do RN.

Quem escutou a FMU 88,9 ficou por dentro da greve relâmpago que os médicos do HWG fizeram como forma de protesto pelas péssimas condições de trabalho, salários defasados, enfim, as reclamações de sempre.

Aos que participaram da cobertura, minhas palavras de congratulações e força. Vocês estão mostrando que o perfil dos profissionais da comunicação do nosso estado está evoluindo. Valeu, galera.

Ainda bem que existem comunicadores que usam a mídia como ferramenta de denúncia e utilidade pública, e não apenas como divulgadora de festas patrocinadas com dinheiro do contribuinte.

PARABÉNS, FMU!!!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

“O mundo é gay, mas o Brasil é enrustido.”

Estudante da UFRN ganha prêmio ao produzir documentário mostrando um outro lado do mundo das drag queen’s

Formado em Comunicação Social com habilitação em Radialismo, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o jovem Jô Fagner, 24 anos, nasceu em Acari - cidade do interior do estado. Faz o curso de Jornalismo na mesma instituição e recentemente apresentou um trabalho intitulado Drag Stars no Expocom de Curitiba, Paraná, ganhando um prêmio por isso. Durante um intervalo de 15 minutos entre uma aula e outra na universidade, ele concedeu a seguinte entrevista:

Qual foi o evento que você participou e que prêmio foi esse?
Jô Fagner:
Eu participei do XVI Expocom, uma amostra de produtos experimentais em comunicação. Esse evento é realizado pela Intercom (Sociedade de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), e aconteceu em Curitiba, Paraná, no início de setembro. Ganhei o prêmio na categoria Cinema e Audio-Visual, modalidade filme de não-ficção, com o documentário Drag Stars.

Do que trata o video?
Jô Fagner:
Fala das drag queens de Natal, mas com uma outra narrativa onde busquei fugir da questão do preconceito - algo bem clichê. Quando alguém fala sobre o público homossexual na mídia, só aborda sobre preconceito. Procurei buscar mais identidade. A drag é um artista, como qualquer outro, que realiza performances, shows, arte. Só que ele faz isso vestido de mulher, de maneira caricata e exagerada, como se fosse um humorista.

O que o inspirou a fazer esse projeto?
Jô Fagner:
Vi um livro reportagem chamado Rainhas e Dragões, feito por estudantes paulistas. Gostei da forma como foi trabalhado o tema e resolvi fazer um parecido, mas a partir da realidade das drag queen’s natalenses. Reuni uma equipe, as estudantes Daniele e Milena, e caímos em campo. O Drag Stars foi nosso trabalho final no curso de Radialismo, e fez bastante sucesso. Até hoje recebo recados via e-mail de pessoas pedindo link para assistir o video Drag Stars.

Como foram feitas a coleta de dados e a pesquisa? E por que o nome Drag Stars?
Jô Fagner:
Foram feitos através de sites de relacionamentos. Criei um perfil chamado Drag Stars e convidei drags queen’s aqui de Natal, que passaram por uma seleção. Dessa seleção, escolhi cinco pessoas para participarem do video documentário. O nome Drag Stars veio como apologia ao programa Pop Stars, de uma emissora de TV brasileira.

Você e sua equipe encontraram dificuldades na realização do trabalho?
Jô Fagner:
Inúmeras… Tanto de ordem técnica quanto financeira. A universidade só nos cedeu uma câmera, operada por um funcionário da instituição. Isso, depois de uma burocracia enorme. Tivemos dificuldades em filmar nos lugares onde as queen’s se apresentavam, pois a drag é um personagem que só trabalha à noite e a câmera da UFRN só filmaria durante o dia. Outro problema: a câmera não podia sair do campus. Quando conseguimos uma autorização para filmar externamente, a superintendente de comunicação não liberou a bateria. Arranjamos uma extensão e, para onde íamos, levávamos um emaranhado enorme de fios. Para filmar nos locais de trabalho das queen’s (boates e casas de show noturnas) tivemos que providenciar câmeras de mão particulares.

Qual a diferença entre drag queen e travesti?
Jô Fagner:
Drag queen é um sujeito, um homem que se veste de mulher para fazer shows. Não é necessariamente gay. É alguém que durante o dia tem o corpo de menino e quando chega a noite - ou em eventos esporádicos - coloca peruca, prótese removível em formato de seios, maquiagem e se transforma não em mulher, mas num personagem que se assemelha à figura feminina. Já o travesti é aquele personagem que tem identidade feminina e sente necessidade de mudar o corpo mas não tem coragem para fazer a cirurgia. Por isso, ele coloca silicone (nos seios e no bumbum), deixa os cabelos crescerem e fica 24 horas daquele jeito. Mas não tira o órgão sexual masculino porque aquilo também dá prazer. Ele quer e gosta de ter os dois sexos, e de ser homem e mulher ao mesmo tempo. O travesti é gay, com certeza. Tem também o transexual. Esse tem transtornos de identidade de gênero, não se sentindo confortável com o próprio corpo. O transexual faz cirurgia para retirar a genitália. Transforma o sexo, transforma a cabeça. Transforma tudo para ser uma mulher.

Qual a origem do nome drag queen?
Jô Fagner:
Drag queen é um nome de origem inglesa. No teatro antigo não havia mulheres atuando, assim, William Shakespeare (dramaturgo inglês do século XVI) quando fazia suas peças tinha que improvisar: os homens faziam o papel de mulher. Para não confundir os personagens, Shakespeare colocava ao lado das falas, a sigla DRAG (Dressed As a Girl) “Vestido como uma garota”, nos papéis em que os homens interpretariam mulheres. Séculos depois, na década de 80, a moda drag ressurgiu como fenômeno de comportamento. A partir de então, à sigla drag de Shakespeare somou-se o nome queen (rainha), passando um sinônimo de nobreza.

As festas do orgulho gay estão cada vez mais comuns pelo mundo. E aqui no Brasil?
Jô Fagner:
O mundo é gay, mas o Brasil é enrustido. O Brasil está saindo do armário aos poucos. Mesmo assim, a parada do orgulho gay em São Paulo reune, todos os anos, milhões de pessoas dos quatro cantos do planeta. Já se tornou um evento cultural e está no calendário de festas da cidade. A parada gay deixou de ser um ato político. Agora ela é um espetáculo transmitido para todo o mundo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

“GOVERNO PRECISA APOSTAR NO MERCADO INTERNO”

O coordenador do curso de Economia da UFRN fala sobre a atual crise econômica mundial e seus efeitos no cenário nacional e potiguar.

O professor Hiran Francisco Oliveira Lopes da Silva é economista, mestre em planejamento e políticas públicas e doutor em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Já trabalhou no sistema SEBRAE (Serviço de Apoio a Pequenas e Micro Empresas) chegando a trabalhar em Natal, Campo Grande (como gerente técnico do SEBRAE no Mato Grosso do Sul) e Maceió (onde foi diretor técnico do órgão em Alagoas). Atualmente é professor e coordenador do curso de Ciências Econômicas da UFRN. Da sua sala no setor I do campus ele concedeu essa entrevista:

Para incentivar o consumo o Governo Federal reduziu o IPI de diversos produtos, entretanto, tal medida fez diminuir o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) de vários municípios RN. Na sua opinião, essa redução foi correta?
Hiran Francisco Oliveira Lopes da Silva:
Foi uma medida salutar para o mercado pois incentivou o consumo e possibilitou uma reação. Além de manter postos de trabalho, a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) está fazendo com que a população carente compre mais, movimentando assim a economia.

Isso seria uma forma de driblar a atual crise econômica?
HFOLS:
Seria uma das formas acertadas nesse momento. Para recuperar o mercado é preciso baixar preços, facilitar o crédito e fomentar o consumo. No caso do RN temos um programa do governo de incentivo à casa própria. Tal programa facilita a compra de moradias para pessoas de baixa-renda. Na capital isso evitará a proliferação das favelas, embelezará ainda mais a cidade e, por conseguinte, vai melhorar o padrão de vida das pessoas beneficiadas.

Devido à crise o setor do agronegócio na região central do estado está demitindo funcionários. Como o poder público deve atuar para fazer a recolocação desses trabalhadores no mercado?
HFOLS: Alguns pontos precisam ser analisados. Primeiro: com a perda do emprego a tendência dessa mão-de-obra é fugir em direção a cidade grande, no caso Natal. Isso dificultará a situação aquí na capital porque teremos uma leva de desempegados - geralmente com nível de escolaridade baixo - para trabalhar na indústria, no comércio ou na prestação de serviços. O que o governo deve fazer é tomar medidas que melhorem a situação do homem-do-campo, dando-lhe suporte técnico e condições para que ele produza e fique na própria terra. Em segundo lugar: a crise atingiu o setor do agronegócio porque este, na realidade, é voltado para o mercado consumidor externo. Faltou há vários anos - e estamos sentindo isso agora - uma política fomentadora de um mercado interno para nossos produtos. A quase totalidade da produção da fruticultura potiguar é exportada. A maioria dos produtores preferem vender “lá fora” produtos de primeira qualidade e para os conterrâneos ficam produtos de terceira categoria. Estes produtos, inclusive, têm um preço superior ao praticado na exportação. O consumidor nacional acaba pagando a conta das exportações…


Os produtos agropecuários brasileiros sempre sofreram com o protecionismo dos países mais ricos. Essa situação pode se agravar com a crise?
HFOLS:
Já está se agravando… A própria OMC (Organização Mundial do
Comércio) há tempos alerta sobre a proteção exagerada que os países tidos como desenvolvidos dão a seus produtos. Tais nações fazem isso - e eu não tiro a razão delas - para manterem o emprego das suas respectivas populações. No entanto, temos de entender que no mercado externo tudo o que puder ser utilizado como forma de barrar a entrada de produtos estrangeiros é considerado válido. A ISO, certificado criado para medir a qualidade de mercadorias, têm reprovado inúmeros produtos brasileiros que não se adequam, por exemplo, às normas e padrões internacionais de peso e tamanho.


Há algum setor que não sofreu os efeitos da crise ou está lucrando com ela?
HFOLS: Aqui em Natal a queda nos postos de trabalho não é tão brusca como em outras capitais do país. Isso deve-se principalmente ao fato de nossa cidade contar com um grande número de profissionais trabalhando no funcionalismo público das esferas municipal, estadual e federal. Com relação a lucrar com a crise, percebeu-se no setor automotivo uma redução na procura por carros usados. Em contrapartida, graças a queda nos preços dos carros “zero quilômetro”, a venda desses veículos está em franca ascensão. Os resultados nas vendas dos carros “zero” - principalmente modelos populares - está acima do esperado.

Há como evitar uma crise econômica?
HFOLS: Acredito que não. As crises fazem parte da estrutura do sistema capitalista. Com elas o capital se recicla e fica mais forte.

Quais consequências, que não econômicas, uma crise acarreta para a sociedade?
HFOLS: Uma consequência que foi econômica vai afetar o lado social. Por exemplo: não tenho dados específicos mas há uma tendência hoje, em razão da crise, no perfil dos desempregados. Atualmente no Brasil mais da metade dos que perdem o emprego são do sexo masculino. A mulher está sendo de certa forma preservada. Essa situação vai levar a uma mudança na estrutura social, ocasionando o aumento no número de mulheres chefiando famílias. Por sua vez, a demissão do homem poderá acarretar uma disparada na criminalidade.

Sabe-se que a crise prejudica o turismo. Como isso afeta o RN? 
HFOLS: O perfil dos turistas a nos visitar deve mudar. A maioria dos turistas aqui chegados antes da crise eram ou europeus ou americanos do norte. O fluxo de pessoas de outros estados brasileiros era originário, principalmente, de São Paulo. Com a crise se alastrando em toda Europa, dificilmente os europeus terão condições financeiras para nos visitar. Boa parte dos estrangeiros que escolhem Natal como destino turístico são pessoas da baixa classe-média européia, que se beneficiam do poder adquisitivo do Euro frente ao Real. Por causa da crise não teremos um fluxo turístico como o do ano passado. A saída para o setor vai ser voltar-se para o turismo interno e criar novos roteiros. Seria interessante que nossas autoridades apostassem num turismo para a terceira idade, ou que tentasse redescobrir o interior, o semi-árido, as festas populares, as comidas típicas, os costumes dos potiguares… Seria uma aposta no turismo antropológico, ambiental, ecológico. Podemos, também, explorar a imagem de Natal como cidade tranquila e pacata, dando segurança ao turista que por aqui passa, para que ele retorne e traga mais gente.

O que a crise está ensinando para o norte-rio-grandense?
HFOLS: A crise está nos ensinando a necessidade de criar. Não podemos esperar que ela chegue e assole nosso estado, nosso país. Temos que ser visionários. Sair na frente. Lançar tendências. Autoridades e empresariado precisam apostar na educação e acreditar no potencial do mercado interno. Faz-se necessário a adoção de medidas que aumentem o poder de compra local, ou seja, produzir aqui para vender aqui. Devemos pensar como um país rico: primeiro produzir para o consumo interno, depois, para exportar. Precisamos, também, injetar recursos em setores da economia que deem retorno imediato e que sejam capazes de gerar o maior número de empregos possível.

Por que nações como os EUA e Inglaterra têm elogiado o desempenho do Brasil na crise e enviado especialistas para aprenderem com o “jeitinho brasileiro”?
HFOLS: A situação do Brasil é um pouco diferente da situação do resto do mundo. Não podemos afirmar que o país está dando certo ou não em razão apenas dessa crise. Temos que analisar a situação em cima do que conseguimos até hoje montar como país. Nossa economia tem a matéria prima que vendemos para o resto do mundo; somos auto-suficientes em diversas áreas e podemos tirar proveito disso. Temos combustíveis fósseis e renováveis, e uma enorme área cultivável que pode ser utilizada para produção de biocombustível, sem prejuízo da produção agrícola. Nossa infra-estrutura permite-nos negociar num patamar de igualdade com outros países. Li de um especialista que disse que o Brasil está dando certo porque deu errado… Como não cumprimos todas as normas do FMI (Fundo Monetário Internacional) no passado, tivemos que enxugar a estrutura bancária, cortar gastos, tomar medidas austeras e destinar o superávit para o pagamento de compromissos internacionais. Graças a tantos cortes e apertos, o país não cresceu como deveria. Entretanto, os recursos que não foram investidos naquela época fazem parte das reservas do governo hoje - algo em torno de novecentos bilhões de dólares - e o país respira aliviado, longe das pressões do FMI.

O PAC está ajudando a minimizar os efeitos da crise?
HFOLS: O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) está servindo para aquecer a economia. Ele é a reparação dos investimentos que deveriam ter sido feitos lá atrás, mas não foi possível por causa das metas do FMI. Agora o país investe na infra-estrutura (portos, aeroportos, rodovias) que poderiam ter nos possibilitado um salto no desenvolvimento. Uma das vantagens do PAC é que ele procura direcionar recursos da iniciativa privada para seus projetos, fazendo as PPPs (Parcerias Público Privadas) que é a menina dos olhos do FMI e do Banco Mundial. Na minha opinião, junto com o PAC o governo precisa apostar no mercado interno melhorando os salários dos trabalhadores para que se criem condições de se manter um mercado só nosso.

Com que imagem o Brasil sai dessa crise?
HFOLS: O Brasil está na crise porque é exportador dos produtos utilizados pelos países que estão na crise. Precisamos fortalecer nosso mercado interno para ficarmos menos vulneráveis às turbulências econômicas externas. Sairemos dessa crise com maior confiança dos investidores internacionais e dos próprios brasileiros. Já as nações mais ricas do mundo acreditam que o Brasil é o país da vez e tem tudo para dar certo - Obama que o diga.

(Imagens: arquivo pessoal.)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

TRABALHO E ESTUDO, DÁ PARA CONCILIAR?

Arranjar um emprego é o desejo de todo jovem estudante, mas nem sempre fica fácil adequar o ritmo de estudos ao horário de trabalho

Celular em sala de aula: 7 dicas para manter a disciplina

A participação dos jovens no mercado de trabalho natalense tem aumentado significativamente na última década. Isso é consequência direta da excelente fase de crescimento pela qual está passando a economia brasileira. Em virtude disso, setores como a indústria e o comércio, principalmente, têm aberto novas vagas de emprego e contratado empregados na faixa de idade entre os 16 e 25 anos.

Os principais motivos que levam um jovem a procurar trabalho são: conquistara liberdade financeira, ajudar a família nas despesas de casa, pagar os próprios estudos, e ainda, ter uma "graninha" para as festas.

Entretanto, a dupla jornada trabalho-estudo tem prejudicado o rendimento escolar dos estudantes-trabalhadores. Como a maior parte dos empregos são no horário comercial - entre sete da manhã e seis da tarde - os jovens que trabalham são obrigados a estudar no período noturno.

Quem enfrenta essa situação quase sempre chega atrasado à aula. Muitos, já cansados ou com sono, preferem faltar.

"Já perdi a conta de quantas vezes me atrasei ou levei falta na aula por causa do emprego. Mesmo quando vou para a faculdade não consigo prestar atenção às explicações do professor. Sinto que meu rendimento é bem inferior ao dos outros colegas que não trabalham e apenas estudam", comenta uma aluna do curso de Letras da UFRN, que na época da entrevista trabalhava para um banco do governo.

Outros jovens, ainda, reclamam que são cobrados tanto no trabalho quanto em sala de aula, e acabam tendo que escolher entre um ou outro. A escolha, quase sempre, é para ficar no emprego.

Os professores, porém, explicam: "Hoje em dia a maior parte dos jovens estudantes, seja do ensino médio, seja do ensino superior, estão trabalhando. Isso é excelente, pois eles aprendem a ter responsabilidades desde cedo. Contudo, alguns alunos usam o trabalho como desculpa pelo atraso na entrega das atividades acadêmicas, e se esquecem que o professor também tem prazos para cumprir com a coordenação de seu respectivo curso", relata um professor do setor II da UFRN.

Apesar de tantas dificuldades e contratempos, a tendência é de que o número de estudantes-trabalhadores continue crescendo. E isso é bom tanto para o jovem, que passa a manter desde cedo contato com o mercado de trabalho, quanto para o "patrão", que terá um profissional instruído e melhor qualificado.

(A imagem acima foi copiada do link Nova Escola.)