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terça-feira, 31 de julho de 2018

BUSQUE AMOR NOVAS ARTES, NOVO ENGENHO

Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.



Luís Vaz de Camões (1524 - 1580): militar e poeta de Portugal. É considerado um dos maiores ícones da literatura lusófona e um dos maiores poetas da literatura ocidental. 


(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER

Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.  


É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;  


É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.  


Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Camões, in "Sonetos"


Luís Vaz de Camões (1524 - 1580), foi militar e poeta de Portugal. Viveu - e morreu - na fase final do Renascimento europeu, período de grandes transformações que assinalaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Considerado um dos maiores nomes da literatura em língua portuguesa sua obra mais famosa é Os Lusíadas.



(Imagem copiada do link Wikipedia.)