quinta-feira, 7 de julho de 2011

O EMPREGO DO JUVENAL

DIZEM QUE ESSA FOI UMA HISTÓRIA VERÍDICA, QUE ACONTECEU EM ARACOIABA.

O Juvenal estava desempregado fazia muitos meses. O prefeito que era do seu lado tinha perdido a eleição e a nova que entrou colocou os dela na prefeitura. Mas com a persistência que só os aracoiabenses têm, o Juvenal foi tentar mais um emprego em mais uma entrevista.

— Qual foi seu último salário?

— Mil reais! — Respondeu Juvenal, e já ia dizer que aceitava menos. Mas foi interrompido.

— Pois se o senhor for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!

— Jura?

— Que carro o senhor tem?

— Na verdade, só um "carrim" de mão.

— Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa!

— Sério?

— O senhor viaja muito para o exterior?

— Não, só conheço o centro de Aracoiaba. Fora disso, só fui para o "Mutirão", as "Caninhas" e a "Bulandeira".

— Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, Tóquio...

— É mesmo?

— E lhe digo mais... o emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã, sexta-feira, à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.

Juvenal saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Juvenal reuniu a família e contou as boas novas. Não se cabendo de felicidade convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música.

Sexta de tarde já tinha um barril de chopp aberto. As 9 horas da noite a festa fervia. A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Juvenal aflita, achava tudo um exagero. A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Juvenal. E a banda tocava! E o chopp gelado rolava! O povo dançava! Onze horas, Juvenal já era o rei do bairro. Gastaria horrores para o bairro encher a pança. Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada. Onze horas e cinquenta e cinco minutos... Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela...

Era do Correio!

A festa parou! A banda calou! A tuba engasgou! Um bêbado arrotou! Um cachorro uivou! Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa? — Coitado do Juvenal! — Era a frase mais ouvida. Jogaram água na churrasqueira! O chopp esquentou! A mulher do Juvenal desmaiou! A motoca parou!

— Senhor Juvenal da Silva?

— Si, sim, sim, so, so, sou eu...

A multidão não resistiu...

— Ooooohhhhhhhhhhhhh!

— Telegrama para o senhor...

Juvenal não acreditava... Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos. Silêncio total. Respirou fundo e abriu o telegrama. Uma lágrima rolou, molhando o telegrama. Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.

Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler. O povo em silêncio aguardava o desfecho, que poderia virar desenlace. Todos se perguntavam: E agora? Quem vai pagar essa festa toda?

Juvenal recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava... Então, Juvenal abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico:

— Mamãe morreeeeuuu! Mamãe morreeeeeeeuuu!



(Autor desconhecido. A imagem acima foi copiada do link Images Google.)