Mostrando postagens com marcador escolas literárias. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escolas literárias. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

CANTIGA DA RIBEIRINHA

Trovadorismo: escola literária surgida na Idade Média.

Em Português arcaico...

No mundo non me sei parelha,
mentre me for' como me vai,
ca ja moiro por vós - e ai!
mia senhor branca e vermelha,
Queredes que vos retraia
quando vos eu vi em saia!
Mao dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquelha
me foi a mí mui mal di'ai!,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d'haver eu por vós guarvaia*,
pois eu, mia senhor, d'alfaia
nunca de vós houve nen hei
valía dũa correa.


Em Português atual...

No mundo ninguém se assemelha a mim
Enquanto a vida continuar como vai,
Porque morro por vós e - ai! -
Minha senhora alva e de pele rosadas,
Quereis que vos retrate
Quando eu vos vi sem manto.
Maldito seja o dia em que me levantei
E então não vos vi feia!

E minha senhora, desde aquele dia, ai!
Tudo me ocorreu muito mal!
E a vós, filha de Dom Paio
Moniz, parece-vos bem
Que me presenteeis com uma guarvaia,
Pois eu, minha senhora, como presente,
Nunca de vós recebera algo,
Mesmo que de ínfimo valor.

* guarvaia: manto luxuoso, provavelmente de cor encarnada (vermelha), usado pela nobreza.


Paio Soares de Taveirós (1200 - ?): trovador da primeira metade do século XII. Compôs a Cantiga da Ribeirinha, considerada a primeira composição poética (canção trovadoresca) escrita em Língua Portuguesa, que recebeu esse nome por ter como 'musa inspiradora' a D. Maria Pais Ribeira, apelidada de "Ribeirinha". D. Maria era concubina de Sancho I (rei de Portugal). 


(A imagem acima foi copiada do link Estudo Prático.)

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

CONHEÇA CECÍLIA MEIRELES


Cecília Meireles (1901-1964): poeta, jornalista, professora e pintora brasileira. Considerada uma das vozes líricas mais importantes da língua portuguesa. 

Apesar de viver sob a influência do Modernismo, apresentava também em sua poesia traços de outras escolas literárias como Simbolismo, Classicismo, Romantismo, Parnasianismo, Realismo, Surrealismo e Gongorismo. Por causa disso sua obra é considerada atemporal. 

Alguns de seus trabalhos: 
Ou Isto ou Aquilo, 
Romanceiro da Inconfidência, 
Viagem, Vaga Música, 
Nunca Mais, 
Poesia de Israel, 
Flores e Canções, 
Escolha o Seu Sonho, 
Antologia Poética. 

Obras infantis: 
Sonhos da Menina, 
O Cavalinho Branco, 
Leilão de Jardim. 

Por ser católica fervorosa, escreveu também: Pequeno Oratório de Santa Clara e O Romance de Santa Cecília.

(A imagem acima foi copiada do link Alto Astral.)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

CASIMIRO DE ABREU

Quem foi, o que fez


Casimiro de Abreu (1839 - 1860) foi um grande poeta brasileiro, considerado um dos mais populares da escola literária denominada Romantismo. Mas o sucesso e o reconhecimento só vieram depois de sua morte prematura, aos 21 anos de idade, vítima de tuberculose.

Obras principais: 
Primaveras; 
A Cabana; 
A Virgem Loura; 
Carolina; 
Camões e o Jau

Seu poema Meus Oito Anos é um dos mais populares, mais belos e mais conhecidos da literatura brasileira, sendo, por causa disso, parodiado por diversos escritores, principalmente pelos da escola literária Modernismo.


(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)

sábado, 27 de dezembro de 2014

MEUS OITO ANOS


Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!


Casimiro de Abreu (1839 - 1860): poeta brasileiro

(A imagem acima foi copiada do link Só Literatura.)

sábado, 20 de setembro de 2014

MOTIVO


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugídias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles (1901-1964): poeta, jornalista, professora e pintora brasileira. 


(A imagem acima foi copiada do link Mensagens Com Amor.)