Trechos do texto Aristóteles, capítulo III do livro A TEORIA DAS FORMAS DE GOVERNO, de Norberto Bobbio, apresentado como trabalho complementar da disciplina Ciência Política, do curso de Direito Bacharelado, turma 2016.2, da UFRN:
"Na Ética a Nicômaco (...), depois da listagem das seis formas de governo: “Delas a melhor é o reino, e a pior é a timocracia”. (...) “Mas a democracia é o desvio menos ruim: com efeito, pouco se afasta da forma de governo correspondente”". p. 58
"A
importância histórica da teoria das seis formas de governo, do modo como foi
fixada por Aristóteles, é enorme. Mas não devemos dar-lhe uma importância
excessiva dentro da obra aristotélica (...). Poder-se-ia mesmo dizer que o
êxito do esquema de classificação (...) terminou induzindo uma leitura
simplificada da Política,
desprezando a complexidade das suas articulações internas". p. 59
"Para
avaliar o afastamento entre o esquema geral das seis formas de governo e as
análises particulares, nada melhor do que examinar de perto a forma denominada
(...) “politia”. No esquema a “politia” corresponde à terceira forma – deveria
consistir, portanto, no poder de muitos exercido no interesse comum. Mas,
quando se chega à definição que lhe dá Aristóteles, encontramos coisa bem
diferente: “A “politia” é, de modo geral, uma mistura de oligarquia e de
democracia; via de regra são chamados de polidas os governos que se inclinam
para a democracia, e de aristocracias os que se inclinam para a
oligarquia”". p. 60
"O
fato de que a oligarquia é o governo de poucos e a democracia o governo de
muitos pode depender apenas de que, de modo geral, em todas as sociedades os
ricos são menos numerosos do que os pobres. Mas,
o que distingue uma forma de governo da outra não é o número, e sim a condição
social dos que governam". p. 61
“Está claro que a melhor comunidade política
é a que se baseia na classe média, e que as cidades que têm essa condição
podem ser bem governadas – aquelas onde a classe média é mais numerosa e tem
mais poder do que as duas classes extremas, ou pelo menos uma delas. Com
efeito, aliando-se a uma ou outra, fará com que a balança penda para o seu
lado, impedindo assim que um dos extremos que se opõem ganhe poder excessivo”. p. 62
“Está claro que a forma intermediária é a
melhor, já que é a mais distante do perigo das revoluções; onde a classe média
é numerosa raramente ocorrem conspirações e revoltas entre os cidadãos”. p. 62
"Chamamos
a atenção do leitor para este tema: a “estabilidade”. Um tema verdadeiramente
central na história das reflexões acerca do “bom governo”, pois um dos
critérios fundamentais que permite distinguir (ainda hoje) o bom governo do mau
é sua estabilidade". p. 62
(A imagem acima foi copiada do link Política 210.)
(A imagem acima foi copiada do link Política 210.)