Certa vez, no campus da UFRN, quando eu era calouro, meus colegas e eu comentávamos a respeito de como as meninas do nosso setor eram imunes às nossas "investidas". Algumas sequer falavam conosco, os calouros.
Comentei que elas poderiam "dar bola" para gente. Bastava a gente "saber chegar". Eles discordaram. Iniciou-se uma discussão. Para acabar com aquela contenda alguém propôs que eu chegasse numa "veterana" e desse uma "cantada" nela.
Para não passar por mentiroso - eu nunca minto, sério! - aceitei o desafio. Nunca fui bom de "cantada", mas sou bom conversador e sempre tenho algum assunto para falar.
Saí de perto do grupo de calouros - eram uns quatro ou cinco - e fiquei observando as alunas que passavam pelo corredor, sondando quem seria a escolhida.
Apareceu uma menina que cursava radialismo. Não lembro mais o nome dela, mas fazia o meu tipo: inteligente, tinha um belo sorriso, a pele branquinha, as "maçãs" do rosto coradinhas, tinha um belo bumbum - não muito grande, nem muito pequeno -, os seios idem, a barriga sarada e os cabelos, negros, tinham um brilho encantador.
A veterana ia passando perto de mim. Eu a cumprimentei:
- Boa noite, tudo bem?
- Oi. Eu te conheço?
- Eu sou da turma de jornalismo. Minha sala é vizinha à sua. Lembra que a gente já assistiu uma palestra juntos?
A palestra, na verdade, foi num auditório com mais de 400 pessoas. Nem lembro se ela foi. Mas inteligente como ela era, já tinha participado de tantos eventos estudantis que nem se lembrava mais.
- Ah, sei, respondeu ela. Aquela palestra sobre Mídia e Modernidade?
Eu nem sabia que palestra era essa, mas respondi.
- Sim, claro. Foi essa.
Ela olhou para o relógio. Estava com pressa, mas, como era educada, não quis parecer inconveniente. Percebi que eu tinha pouco tempo. Olhei para o lado e meus colegas observavam meu desempenho. A menina olhou novamente para o relógio. Meu tempo tinha se esgotado. Eu tinha que fazer algo. Mas o quê? A veterana ia me achar um idiota e meus amigos iam rir da minha cara... Quando ela ia se despedindo, eu perguntei.
- Você usa uma réplica de um trevo-de-quatro folhas pendurado no pescoço.
- É para dar sorte. Sou muito supersticiosa.
- Legal, eu também. Essa semana mesmo li no horóscopo que para eu ter sorte durante esse mês, teria que beijar uma veterana na segunda-feira. Hoje é segunda e você é uma veterana...
Ela deu um sorriso, olhou o relógio mais uma vez, me beijou no rosto e disse.
- Gostei da criatividade. Estou com pressa agora, mas toda vez que te encontrar, vou te dar um beijo. Mas só vale se for no rosto e se for na segunda-feira.
Após dizer isso, ela saiu em direção à sala de aula. Fui ao encontro dos meus colegas que, boquiabertos perguntaram com eu fiz aquilo, ao que respondi prontamente.
- Sou um aracoiabense de sorte.
(A imagem acima foi copiada do link Essas e Outras.)
terça-feira, 20 de setembro de 2011
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