Assunto altamente relevante e de interesse geral.
E A CLT, O QUE DIZ A RESPEITO?
A Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei 5.452/1943) não traz uma definição de assédio moral no âmbito das relações trabalhistas, todavia, alguns artigos deste diploma legal têm sido utilizados para combater atos de assédio ou discriminação, os quais são passíveis de rescisão indireta e até indenização.
O art. 483, por exemplo, aduz que o empregado poderá considerar rescindido o contrato de trabalho e pleitear a devida indenização em alguma situações, tais como:
a) quando forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;
b) quando for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; e,
c) quando o empregador ou seus prepostos praticarem, contra empregado ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama;
O mesmo dispositivo legal também autoriza o empregado a pleitear a rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações, permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo.
Mais adiante, em seu Título II-A, a CLT trata do dano extrapatrimonial. Verbis:
Art. 223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são as titulares exclusivas do direito à reparação.
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens juridicamente tutelados inerentes à pessoa física. (Grifos nossos.)
Ainda neste sentido, a CLT estabelece como responsáveis pelo dano extrapatrimonial todos aqueles que de alguma forma tenham colaborado para a ofensa ao bem jurídico tutelado, na proporção da ação ou da omissão (art. 223-E). E mais, a reparação por tais danos pode ser pedida cumulativamente com a indenização por danos materiais decorrentes do mesmo ato lesivo (Art. 223-F).
No caso de haver cumulação de pedidos, ao proferir a decisão, o juízo discriminará os valores das indenizações a título de danos patrimoniais e das reparações por danos de natureza extrapatrimonial (Art. 223-F, § 1o).
A CLT também orienta o magistrado que, ao apreciar o pedido de dano extrapatrimonial, deverá considerar (Art. 223-G):
a) a natureza do bem jurídico tutelado;
b) a intensidade do sofrimento ou da humilhação;
c) a possibilidade de superação física ou psicológica;
d) os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão;
e) a extensão e a duração dos efeitos da ofensa;
f) as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral;
g) o grau de dolo ou culpa;
h) a ocorrência de retratação espontânea;
i) o esforço efetivo para minimizar a ofensa;
j) a situação social e econômica das partes envolvidas; e,
k) o grau de publicidade da ofensa.
Bibliografia: Disponível em Oficina de Ideias 54.
(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)