Para quem é inteligente e gosta de documentário
O documentário faz o seguinte
questionamento. Ora, os EUA são uma nação que professa a liberdade;
paradoxalmente, tem um encarceramento em massa, um hiperencarceramento. Para o
senador Cory Booker, este hiperencarceramento está, literalmente, capturando
e dilacerando os cidadãos mais vulneráveis. E este sistema carcerário é
predominantemente preconceituoso e dirigido às pessoas ‘de cor’.
Como resultado dessa política de
encarceramento o número de presos subiu vertiginosamente. No ano 2000, os EUA tinham presas 2.015.300 pessoas. As medidas
falharam? O próprio Clinton admitiu, anos depois, que sim, ele disse: “eu
assinei uma lei que piorou o problema. Eu admito isso”.
Ok, o próprio ex-presidente que
assinou a lei que piorava o encarceramento pediu desculpas e admitiu que a
mesma foi um erro. Mas, e as pessoas que tiveram sua liberdade tolhida? E
aqueles inocentes que, sentenciados a uma pena injusta e, humilhados e
envergonhados, cometeram suicídio? E as famílias despedaçadas? E as crianças
órfãs? O documentário levanta alguns questionamentos que até hoje não foram
respondidos...
O documentário A 13ª Emenda
fala também dos ícones na luta pelos direitos dos afro americanos. Líderes
ativistas como Luther King (1929 - 1968) e Malcolm X (1925 -
1965) também sofreram em suas épocas, defendendo um ideal de liberdade para os
negros. Ambos foram mortos, e até hoje a situação dos afrodescendentes não
parece ter melhorado muito.
Outro grande líder afro, Fred
Hampton (1948 - 1969), com apenas 21 anos de idade conseguiu reunir negros,
latinos, indígenas em defesa de seus direitos. Ele era integrante dos Panteras
Negras e foi brutalmente assassinado pela polícia de Chicago. Tamanho era o
medo de um líder que podia unir as pessoas, que a polícia, no caso de Hampton
não lhe deu, sequer, alguma chance de defesa. Já entrou atirando na casa onde
ele se encontrava com a mulher grávida, às 4h:50min da manhã.
Essas foram apenas algumas
histórias de pessoas valorosos que ousaram desafiar o ‘sistema’. Como
represália, o ‘sistema’ as matou, as exilou, excluiu, encontrou maneiras de
desacreditá-las.
Outra grande líder negra
lembrada no documentário é Assata Shakur. Pertencente ao Exército de
Libertação Negra, ela foi perseguida e presa. Seus aliados, inclusive brancos,
conseguiram tirá-la da cadeia e mandá-la para Cuba, onde está até hoje. Outra
militante negra também perseguida e presa foi Angela Davis, que inclusive
foi colocada na lista dos dez fugitivos mais procurados pelo Federal Bureau
of Investigation (FBI). Ambas foram desacreditadas pela imprensa e
retratadas como assassinas, violentas, armadas e perigosas. Seus crimes?
Ousaram pensar, lutaram por seus direitos e pelos direitos de seus irmãos. Desafiaram,
pois, o ‘sistema’, e o ‘sistema’ quando não consegue te destruir fisicamente,
destrói a sua imagem.
No caso de Angela
Davis, todo o aparato policial e judicial estava contra ela. Mas ela entrou
no tribunal e, jogando na mesma regra deles, conseguiu desacreditá-los e saiu
livre, vencedora. No seu depoimento emocionado, feito para o documentário, ela
diz que as pessoas sempre falam da violência dos negros, mas ninguém sabe o que
os negros passam. Não apenas hoje, mas desde que o primeiro negro chegou á
América, vindo sequestrado das praias da África.