Excelente documentário para despertar o senso crítico e fortalecer a cidadania
O
documentário A 13ª Emenda (13th) é uma produção
norte-americana dirigida por Ava DuVernay e produzida por Spencer Averick,
Howard Barish e Ava DuVernay. Seu lançamento mundial se deu em 7 (sete) de
outubro de 2016, pela rede de streaming
Netflix.
O
título do longa-metragem faz referência à décima terceira alteração (emenda) na
Constituição dos Estados Unidos, esta datada de 1787. A 13ª emenda à Constituição
estadunidense foi aprovada em 1865, época em que o presidente era Abraham
Lincoln, e aboliu oficialmente a escravidão e a servidão involuntária naquele
país.
A
13ª emenda à Constituição dos Estados Unidos, diz:
Seção
1: Não haverá, nos Estados Unidos ou
em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos
forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente
condenado.
Seção
2: O Congresso terá competência para
fazer executar este artigo por meio das leis necessárias.
No
documentário os produtores centraram sua abordagem numa análise do sistema
penal e carcerário dos Estados Unidos. Foram entrevistados ativistas,
estudiosos, parentes das vítimas, políticos, membros de organizações não
governamentais (ONG’s) que corroboraram a triste correspondência entre a
criminalização de determinadas parcelas da população (primordialmente os
negros) e o crescimento vertiginoso do sistema prisional do país.
Como demonstrado ao longo dos 100 (cem)
minutos de exibição, as prisões norte-americanas acabaram se tornando numa
alternativa segregacionista, uma forma de burlar a 13ª emenda, e manter
trabalhos braçais forçados, mesmo depois de abolida a escravatura.
Isso
se dá por meio de prisões arbitrárias, por parte dos órgãos de segurança
pública, e de um processo de encarceramento em massa, a cargo do sistema de
justiça. Esta “metodologia”, que leva em conta principalmente fatores
socioeconômicos e étnicos, faz com que negros (principalmente), hispânicos e
outras minorias sejam, literalmente, perseguidas e trancafiadas por longos
períodos de tempo, num patente desrespeito à dignidade da pessoa humana e aos direitos
humanos.
Em
que pese o documentário ser produzido nos Estados Unidos e refletir a realidade
social daquele país, um observador mais atento perceberá que as violações de
direitos fundamentais retratadas são, lamentavelmente, muito similares às
acontecidas em outros países, como no caso do Brasil.
A 13ª Emenda provoca um verdadeiro choque de realidade. Representa um soco no estômago ou um tapa na cara da sociedade norte-americana, deveras alienada e hipócrita; que finge não ver tamanha aberração no limiar do século XXI. O brilhantismo da abordagem do longa-metragem foi reconhecido pelo público e pela crítica, e em 2017 ele venceu o prêmio da British Academy Film Awards (BAFTA), de melhor documentário. Um prêmio merecido.
Em suma, A 13ª Emenda é um excelente
trabalho, que desperta nos expectadores o senso crítico e convida para uma
reflexão a respeito da cidadania, mormente dos nossos direitos fundamentais, enquanto pessoas, na
sociedade contemporânea. Vale a pena assistir. Recomendo!!!
Bibliografia:
(A imagem acima foi copiada do link Images Google.)