Para aqueles que desejam compreender um pouco mais o pensamento do intelectual alemão Max Weber, recomendo o texto desse autor, "A Política Como Vocação" (
WEBER, Max. A Política como vocação. In: ______. Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1982. p. 55-64; 79-89.). Esse texto é bibliografia obrigatória para muitos cursos universitários e contém assuntos que podem ser utilizados como argumentos numa prova discursiva de concurso público.
"O
que entendemos por política? O
conceito é extremamente amplo e compreende qualquer tipo de liderança independente em ação". p.
55
"O
que é um “Estado”?
Sociologicamente, o Estado não pode ser definido em termos de seus fins. (...)
Em última análise, só podemos definir o Estado moderno sociologicamente em
termos dos meios específicos
peculiares a ele, como peculiares a toda associação política, ou seja, o uso da
força física". p.
55
“Todo
Estado se fundamenta na força”, disse Trotski em Brest-Litovsk. (...) Se não
existissem instituições sociais que conhecessem o uso da violência, então o
conceito de “Estado” seria eliminado, e surgiria uma situação que poderíamos
designar como “anarquia”. p.
55
"Hoje,
as relações entre o Estado e a violência são especialmente íntimas. (...) temos
de dizer que o Estado é uma comunidade humana que pretende, com êxito, o monopólio do uso legítimo da força física
dentro de um determinado território". PP.
55 - 56
"O
Estado é considerado como a única fonte do “direito” de usar a violência". p.
56
"Quem
participa ativamente da política luta pelo poder, quer como um meio de servir a
outros objetivos, ideais ou egoístas, quer como o “poder pelo poder”, ou seja,
a fim de desfrutar a sensação de prestígio atribuída pelo poder". p.
56
"(...)
há três justificações interiores, e portanto legitimações, básicas do domínio.
Primeira, a autoridade do “ontem eterno” (...). É o domínio “tradicional” exercido pelo patriarca e pelo príncipe
patrimonial de outrora. Há a autoridade do dom
da graça (carisma) extraordinário e pessoal (...). É o domínio “carismático”, exercido pelo profeta ou, no campo da
política, pelo senhor de guerra eleito, pelo governante plebiscitário, o grande
demagogo ou o líder do partido político. Finalmente, há o domínio em virtude da “legalidade”,
em virtude da fé na validade do estatuto legal (...). É o domínio exercido pelo
moderno “servidor do Estado” e por todos os portadores do poder que, sob esse
aspecto, a ele se assemelham". p.
56
"A
dedicação ao carisma do profeta, ou ao líder na guerra, ou ao grande demagogo
na ecclesia ou parlamento, significa
que o líder é pessoalmente reconhecido como o líder inerentemente “chamado” dos
homens. Os homens não o obedecem em virtude da tradição ou da lei, mas porque
acreditam nele". p. 57
"A liderança carismática surgiu em todos
os lugares e em todas as épocas históricas. (...) no passado, surgiu nas duas
figuras do mágico e profeta, de um lado, e do senhor de guerra eleito, o líder
de grupo e condottiere, do outro. A liderança política, na forma do
“demagogo” livre nasceu no solo da cidade-Estado (...). Como a cidade-Estado, o
demagogo é peculiar ao Oriente, especialmente à cultura mediterrânica. Além
disso, a liderança política na forma do “líder partidário” parlamentar cresceu
no solo do Estado constitucional, que também só é indígena do Ocidente". p. 57
"O
quadro administrativo, que representa externamente a organização do domínio
político, é, certamente, como qualquer outra organização, limitado pela
obediência ao detentor do poder e não apenas pelo conceito de legitimidade
(...). Há dois outros meios atraentes para os interesses pessoais: a recompensa material e a honraria social. (...) O temor de
perdê-los é a base final e decisiva para a solidariedade existente entre o
quadro executivo e o detentor do poder". p. 57
"Em
toda parte, porém, remontando até as mais antigas formações políticas,
encontramos também o próprio senhor dirigindo a administração. Ele busca
tomá-la em suas mãos tornando os homens pessoalmente dependentes dele:
escravos, agregados domésticos, atendentes, “favoritos” pessoais e prebendários
enfeudados em dinheiro ou in natura
aos seus armazéns. (...) O senhor que administra pessoalmente é apoiado seja
pelos membros de sua Casa ou pelos plebeus". p.
58
(A imagem acima foi copiada do link Crisis Magazine.)