sexta-feira, 16 de março de 2018

O BÊBADO E A EQUILIBRISTA


Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A Lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil!

Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar.

Elis Regina (1945 - 1982): cantora brasileira.
A música acima não é de sua autoria, 
mas a melhor versão é, com certeza, a cantada por Elis.


(Curta o clipe oficinal no link YouTube. A imagem acima foi copiada do link Prêmio da Música.)

Um comentário:

PoetandoViver disse...

Bela música que pede a volta de Betinho exilado no México. Além do mais, é um apelo corajoso ao fim dos anos de chumbo. "Choram Marias e Clarices no solo do Brasil". E tem mais - pelo que sei é que a ideia original desta letra era para homenagear Charles Chaplin (morto em 1977), porém foi feita uma ponte entre o Chaplin (sendo representado pelo bêbado) e os acontecimentos com os exilados do Brasil. Belíssima canção e com uma carga histórica fantástica. Adoro esta música!!