Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos
A Lua tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel
E nuvens lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil
Meu Brasil!
Que sonha com a volta do irmão do Henfil
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora
A nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil
Mas sei que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança
Dança na corda bamba de sombrinha
E em cada passo dessa linha
Pode se machucar
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar.
Elis Regina (1945 - 1982): cantora brasileira.
A música acima não é de sua autoria,
mas a melhor versão é, com certeza, a cantada por Elis.
(Curta o clipe oficinal no link YouTube. A imagem acima foi copiada do link Prêmio da Música.)
Bela música que pede a volta de Betinho exilado no México. Além do mais, é um apelo corajoso ao fim dos anos de chumbo. "Choram Marias e Clarices no solo do Brasil". E tem mais - pelo que sei é que a ideia original desta letra era para homenagear Charles Chaplin (morto em 1977), porém foi feita uma ponte entre o Chaplin (sendo representado pelo bêbado) e os acontecimentos com os exilados do Brasil. Belíssima canção e com uma carga histórica fantástica. Adoro esta música!!
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