Majestade, quanta 
sabedoria!
Não sei por que, mas ontem à noite, 
resolvi ler, mais uma vez, as suas sábias lições no Eclesiastes. E a cada nova 
leitura, fico impressionado como ela é precisa, completa e, principalmente, 
atual...
Ah! Vossa majestade tem razão: 
vaidade de vaidades, tudo é vaidade!... E por pura vaidade, não conseguimos 
enxergar que o tempo é algo fantástico. Tão fantástico que há tempo de tudo 
debaixo do sol: há tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de derrubar, tempo de 
edificar; tempo de guardar, e tempo de lançar fora...
Há tempo de ser criticado, 
caluniado, injustiçado; mas há também tempo de perceber, após 720 horas, que as 
nossas convicções - que foram defendidas de forma séria, correta, sem câmeras e 
luzes, sem alardes (afinal, “o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro 
e da obtusidade”) -,  tinham razão:  era inútil correr atrás do 
vento!
Aprendi isso, Majestade, com 
um poeta de pequenas frases, mas de um profundo ensinamento chamado Mário 
Quintana - que certa vez percebeu que era inútil correr atrás das borboletas; 
cuidar do jardim é que faz com que elas venham até nós...
Pois é Majestade! Há pessoas 
que fazem um esforço enorme, preferem ir à França para assistirem o pôr-do-sol, 
quando bastariam recuar um pouco a cadeira, aqui em Natal, para contemplarem o 
crepúsculo todas as vezes que assim o desejassem... Mas, eu sei: o difícil é ser 
simples!
Simplicidade, que muitas 
vezes tem que estar associada à coragem... Coragem de enfrentar os cartéis, os 
feudos, a desumanidade, a desonestidade, a falta de ética, a impunidade... 
Coragem de assumir o comando e determinar que fica decretado que agora vale a 
verdade, agora vale a vida e de mãos dadas marcharemos pela vida 
verdadeira...
Coragem, de tomar decisões 
impopulares, que desagradem a gregos e troianos, e que se for necessário: 
“Cortem o bebê ao meio e dê um pedaço a cada uma”. Pois só assim, seremos 
capazes de separarmos o joio do trigo; os farsantes dos verdadeiros; os 
mercenários dos verdadeiros sacerdotes...
Coragem de entender que o 
sábio é aquele que procura aprender, mas os tolos são aqueles que estão 
satisfeitos com a sua própria ignorância. Afinal, majestade, “se você deixar o 
machado perder o corte e não o afia, terá que trabalhar muito mais. É mais 
inteligente planejar antes de agir”...
       
        Coragem, para 
perceber que se alguém discorda de mim, não é meu inimigo. Essa pessoa, na 
verdade, me completa, pois me fez enxergar além do copo meio-cheio ou 
meio-vazio. Fez-me enxergar uma oportunidade de enchê-lo, de esvaziá-lo ou ainda 
melhor: de oferecer a quem tem sede...
Coragem, Majestade, para enxergar a 
nossa própria cegueira e ver que o amigo fiel é uma proteção poderosa: quem o 
encontra, encontra um tesouro de valor incalculável... Afinal, porque se um 
cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, 
não haverá outro que o levante...
Coragem, Vossa majestade, de 
fazer e responder a seguinte pergunta: “ainda há possibilidade de 
reconciliação?” É claro que há. Embora, as cicatrizes da alma - que são piores 
do que as cicatrizes queloidianas do corpo -, demorem a desaparecerem, existe um 
grande antídoto - que não é a Betaterapia, nem muito menos a Corticoterapia, mas 
sim um simples e maduro pedido de desculpas! Desculpas pela imaturidade; 
desculpas por não ter-nos escutado... Desculpas! Desculpas!
Afinal, há tempo de espalhar 
pedras e tempo de juntar pedras; há tempo de guerra, e tempo de paz! É preciso 
saber que o “Ontem já passou, o amanhã ainda não veio, vamos vivenciar o 
presente”!
Um forte abraço, Majestade, e 
até a próxima...
*Texto do livro SÍSIFO 
APAIXONADO, que será lançado pela Editora Sarau das Letras, no dia 
26/03/2015, às 18:00 h, na livraria Saraiva do Midway Mall, 
Natal-RN. Francisco Edilson 
Leite Pinto Junior– 
Professor, médico e escritor.