Trecho de texto apresentado na disciplina Autocomposição de Conflitos: Negociação, Conciliação e Mediação, do curso Direito bacharelado, da UFRN.
E
no que se baseia a CNV?
Para
o autor Marshall B. Rosenberg, a comunicação não-violenta se
baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a
capacidade de continuarmos humanos, ainda que em situações
adversas. Ainda segundo o autor, a CNV não é nenhuma novidade; seus
princípios já são conhecidos há séculos. E seu objetivo é fazer
com que nos lembremos de como nós, seres humanos, deveríamos nos
relacionarmos uns com os outros.
A
CNV também nos ajuda a reformular a maneira pela qual nos
expressamos e, principalmente, como ouvimos os outros. Trocando em
miúdos, em vez de serem reações repetitivas e automáticas,
tornam-se respostas conscientes, firmemente alicerçadas na
consciência daquilo que estamos percebendo, desejando e sentindo.
Somos
levados a nos expressar de maneira honesta e com clareza, ao mesmo
tempo que dispensamos aos outros uma atenção respeitosa e
simpática. A CNV, portanto, nos ensina a observarmos e identificar,
cuidadosamente, os comportamentos e as condições que nos afetam.
Aprendemos, enfim, que em toda troca acabamos escutando com mais
profundidade nossas necessidades e as dos outros.
Segundo
Marshall, à medida que nossos velhos padrões de defesa, recuo ou
ataque diante de julgamentos e críticas são substituídos pela CNV,
vamos percebendo a nós e aos outros por um novo enfoque. Como
resultado, a postura defensiva e as reações violentas são
minimizadas. Ora, quando nos concentramos em tornar mais claro o que
a outra parte está observando, sentindo e necessitando, em vez de
diagnosticar e julgar, descobrimos a profundidade de nossa própria
compaixão.
Pela
ênfase de escutar profundamente, tanto a nós mesmos, quanto aos
outros, a CNV promove, de acordo com o autor, o respeito, a atenção
e a empatia, engendrando o mútuo desejo de nos entregarmos de
coração.
Prosseguindo
em suas considerações, Rosenberg aponta que o nosso condicionamento
cultural nos leva a concentrar a atenção em lugares onde é
improvável que consigamos o que buscamos e queremos. Pensando nisso,
o autor desenvolveu a CNV como uma forma de fazer brilhar a luz da
consciência de cada um, condicionando nas pessoas a atenção, para
que se concentrem em pontos que tenham o potencial de lhes dar o que
procuram.
Particularmente,
Marshall deixa claro que o que procura em sua vida é compaixão, um
fluxo entre ele mesmo e os outros, baseada numa entrega mútua, do
fundo do coração. A característica da compaixão, a qual o autor
denomina “entregar-se de coração”, também se expressa, segundo
ele, na letra da canção “Given to”, composta em 1978, por sua
amiga Ruth Bebermeyer.
Rosenberg
também salienta que, quando nos entregamos de coração, nossas
atitudes brotam da alegria que surge e resplandece sempre que
enriquecemos de boa vontade a vida da outra pessoa. Esta sistemática,
segundo ele, é uma via de mão dupla, haja vista beneficiar tanto
quem doa, quanto quem recebe.
Referência: ROSENBERG, Marshall B.. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. 285 p. Tradução: Mário Vilela, pp. 19-36.
(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)