Tendo
por berço o lago cristalino,
Folga
o peixe, a nadar todo inocente,
Medo
ou receio do porvir não sente,
Pois
vive incauto do fatal destino.
Se
na ponta de um fio longo e fino
A
isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando
o pobre peixe de repente,
Preso
ao anzol do pescador ladino.
O
camponês, também, do nosso Estado,
Ante
a campanha eleitoral, coitado!
Daquele
peixe tem a mesma sorte.
Antes
do pleito, festa, riso e gosto,
Depois
do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre
matuto do sertão do Norte!
No poema acima, Patativa do Assaré (1909 - 2002) faz uma crítica inteligente ao sistema eleitoral brasileiro, da forma como ele ocorre. De acordo com o poeta cearense, as pessoas são ludibriadas pelos candidatos no momento da campanha, mas depois deixadas ao léu, sem assistência alguma e, pior, tendo que arcar com grande carga tributária.
É interessante também a comparação que ele faz entre a atividade da pescaria e a atividade político-partidária. O peixe, no seu habitat natural, vive tranquilamente, sem saber que a morte o espera na ponta do anzol do pescador; de maneira análoga a população, que, inocente, não percebe as reais intenções dos candidatos a cargos políticos.
Fonte: Cultura Genial, com adaptações.
(A imagem acima foi copiada do link Images Google.)
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