O filósofo francês Rousseau: tinha uma visão pouco otimista do futuro da humanidade, por causa da industrialização. |
Resumo do texto "Rousseau e a Busca Mítica da Essencialidade", de Daniel Kersffeld. Assunto abordado na disciplina Ciência Política, do curso Direito Bacharelado, turma 2016.2, da UFRN:
De acordo Daniel Kersffeld,
para entendermos a obra de Jean Jacques Rousseau devemos primeiro
compreendermos o contexto histórico no qual viveu o filósofo. Um tumultuado e
agitado século XVIII, repleto de descobertas e avanços científicos,
encruzilhadas e contradições intelectuais, quebra de paradigmas e alicerce para
a nova ordem a qual desfrutamos nos dias de hoje.
Nesse turbilhão de
novidades, Rousseau tinha uma visão funesta, talvez pouco otimista sobre o
futuro da humanidade. Para ele, devido a comportamentos egoístas e hipócritas,
o destino dos indivíduos seria trágico. Como alento, existia uma saída (trazida
em Emílio, obra de Rousseau), que
seria a recuperação moral a partir da
educação dos homens.
Para Kersffeld, um dos
pontos de maior confluência da obra rousseauniana se refira ao rechaço que
Rousseau tinha pelos pressupostos materiais e éticos que constituíram a
sociedade moderna tal como ele a conheceu: uma sociedade corrupta e com maldade
absoluta.
Num primeiro momento, o
rechaço do filósofo à decadência humana
na modernidade era explicado, sobretudo em termos morais. Num segundo
momento, essa mesma decadência é desvendada
tendo por base uma reflexão do tipo econômica e política.
Sobre este segundo ponto
vale ressaltar, como dito anteriormente, o contexto no qual Rousseau viveu.
Nesta época a França entrara de vez na industrialização e, como abordado em seu
Discurso sobre as origens da desigualdade
entre os homens, estava em curso a perda da essencialidade humana.
O
homem havia se convertido num mero meio para gerar lucros para outro homem. Os
indivíduos preferiam substituir sua liberdade e independência naturais por uma
existência de escravidão ao lucro.
Como saída para esta situação,
o filósofo genebrês propõe que o homem faça uma introspecção, como estratégia
para o conhecimento de seu próprio mundo interior, ainda a salvo – teoricamente
– da artificialidade criada pela modernidade.
Rousseau dirige sua crítica
social aos efeitos nefastos e perniciosos do capitalismo dentro das comunidades
agrárias tradicionais, contrapondo a negatividade do presente (capitalista,
explorador, opressor) à bondade original
do estado da natureza. Recupera o antigo mito da idade de ouro pastoril e encontra a essencialidade do bom selvagem, que seria um homem em
harmonia com a natureza e como parte integrante dela.
Como testemunha privilegiada
do processo de industrialização, Rousseau traça uma clara linha divisória da história da humanidade, a partir da qual o
surgimento da indústria e a apropriação da terra foram fatos demarcatórios que
explicam um presente marcado pela escravidão dos homens, pelo engano e pelo
lucro capitalista.
Em resposta aos efeitos
socialmente negativos gerados pelo desenvolvimento capitalista, e como forma de
escapismo dessa realidade, surge uma corrente de protesto literária, mas também
política, de repúdio à nova ordem vigente.
São expoentes dessa
corrente: o próprio Rousseau, Thomas More (autor de Utopia), Francis Bacon (A
Nova Atlântida), Tommasso Campanella (A
Cidade do Sol) e George Harrington (A
República de Oceana).
Porém, diferentemente de
outros filósofos ditos contratualistas (Thomas Hobbes e John Locke), no estado
de natureza de Rousseau destaca-se a essencialidade do devir do tempo. Ele
chega a fazer uma nítida alusão ao “tempo
de antes”, uma forma de cultura agrária e pastoril na qual o homem, além de
viver em harmonia com a natureza, faz pare dela.
Daniel Kersffeld conclui seu
texto esclarecendo que a degeneração da espécie humana não começaria com o
início da industrialização. Como o próprio Rousseau esclarece, os indivíduos possuem o que se poderia
considerar a semente de sua própria degeneração.
Sendo assim, não importa
qual acontecimento foi responsável pela queda do homem. O que deve ser levado
em consideração é que já se encontra em estado latente, dentro da natureza de
cada indivíduo, a semente para esta queda.
(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)
Faz tempo que li Rousseau, rs. Lembro-me que ele argumenta que o homem nasce bom (estado natural, acho), depois vem o estágio selvagem onde o homem já sofre influências do meio e surgem as questões morais e suas imperfeições. Por fim, o estágio civilizado e nesse encontram-se os interesses individuais e privados. Nesse caminho a moralidade humana fica em xeque. O homem deixa de ser bom. Depois ele fala da necessidade do Estado para mediar as relações. Assunto para outra ocasião, rs.
ResponderExcluir