sábado, 30 de maio de 2009

MÃE É MÃE


Minha mãe faleceu no dia 06 de outubro de 2008. Chamava-se Maria Paulino Pereira e tinha 69 anos de idade. Se estivesse viva, hoje - 30 de maio de 2009 - completaria 70 anos de idade. Essa é a primeira vez que escrevo algo sobre ela - excetuando-se as homenagens que fiz para a missa de sétimo dia.

Minha mãe foi sempre alegre e cheia de vida, não me lembro de tê-la visto triste. Com raiva, séria, preocupada, sorridente ou reclamando de algo, muitas vezes, mas triste, nunca a vi. Ela sempre dizia que mãe é mãe, e eu, na minha ignorância de filho caçula, jamais entendi direito o que aquelas palavras simples queriam dizer.

Já fui ao Ceará algumas vezes depois do fatídico 06 de outubro. Visitei meu pai e revi o restante da família. Na casa onde cresci tudo estava mudado: os móveis pareciam fora do lugar; as plantas do jardim e do pomar apresentavam-se mal-tratadas; as galinhas aparentavam sentir a falta daquela que por anos e anos serviu-lhes o milho religiosamente no horário certo; o quintal, o terreiro e o oitão precisavam de uma faxina minuciosa.

Procurei um copo para beber água e, não encontrando, quase perguntei por impulso: mãe, cadê os copos?, mas lembrei que a dona da casa não estava. Mais tarde, quis uma toalha limpa para me enxugar após o banho. Revirei o guarda-roupa, a estante e a cômoda. Nada.

Perguntei a uma de minhas irmãs que lá estavam onde eu acharia toalhas limpas. Esta respondeu-me com ar triste que quem sabia onde estavam todas as toalhas, lençóis, redes, travesseiros, era nossa mãe.

Certa vez, lá pelas dez e meia da noite senti a barriga roncando. Tinha esquecido de jantar. Até nisso a dona Maria se preocupava, sempre me indagando se eu estava com fome ou se já tinha comido.

Esses fatos todos aconteceram entre os meses de outubro de 2008 e fevereiro de 2009. Estamos no finalzinho de maio e há três meses não vou ao Ceará.

Longe de casa, da família e dos amigos de infância começo a compreender o que minha mãe queria dizer com aquelas palavras.

Mãe não é apenas aquela que te traz ao mundo, mas quem te dá amor, carinho, proteção e segurança; é aquela que cuida da casa e da família de um jeito todo especial que ninguém mais - mesmo se esforçando muito - consegue imitar; mãe sempre pergunta se você já se alimentou, mesmo que a refeição tenha acabado de ser consumida; sempre sabe do que o filho precisa, antes mesmo que ele peça; mãe é aquela que te recomenda para não chegares tarde em casa, mas só dorme sossegada depois que você regressa; mãe é aquela que conhece detalhadamente cada filho, o que ele gosta, o que sente, quando precisa de atenção, a comida preferida; mãe é a única que reza terço, faz novena, manda celebrar missa e solta fogos comemorando a aprovação do filho no vestibular; mãe torce, se emociona, briga pela família, mas também repreende quando necessário.

Mãe é isso e muito mais. Na minha ignorância de filho mais novo talvez nunca chegue a entender completamente o que a sábia frase da dona Maria Paulino queria dizer. Talvez nem ela mesma conseguisse definir com palavras o que é ser mãe. Mas através das atitudes do dia-a-dia para com os doze filhos, marido, netos, bisneto, primos, irmãos, sobrinhos, amigos, compadres, comadres e afilhados, mostrou na prática o que é, verdadeiramente, ser mãe.

11 comentários:

  1. Paulino, adorei o texto, cara VC quase me fez chora, na verdade não chorei porque estou em uma LAN,continue assim, misturando sentimento e realidade. Lembra da coluna a qual lhe falei que gosto muito? ele faz exatamente isso, descreve a realidade a ponto do leitor se identificar e se emocionar com os fatos contados, parabéns cara, vc tá no caminho certo.
    "Garcia"

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  2. Eu sei que na vida tudo passa, mas nunca imaginei que fosse tão rápido, a passagem da nossa mãezinha por essa vida...Espero que possamos encontra-la, é essa a esperança que tenho.Para poder-mos comtinuar juntus.PARA SEMPRE...

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  3. e o seguinte ei cara essa historia sobre a tua mae e legal mostra o quanto vc amava ela parabens pela historia eu admiro muito .

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  4. André esta, sem dúvida, é uma linda declaração de amor. Qdo amamos de verdade ñ deixamos o amor morrer. Sua mãe vive em você, pois és uma parte dela. Está viva em você, sobretudo, pelos ensinamentos de vida. Parabéns!

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  5. Paulino, vi seus texto com certeza vc terá um belo futuro na profissão de escritor.
    Mas o texto que vc fala do amor seu pela sua Mãe é emocionante,
    Com certeza ela cumpriu seu papel aqui na terra e descansa em paz, cumpriu seu papel.

    FRANCINELSON

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  6. Meu querido amigo Andre sei o que vc e tua familha esta passando,aos seis(06)meses depois de perde tua mãe (Sr. MARIA)agora deus leva o pai (Sr.ANDRE PAULINO)meu querido muita força nesta hora pra vc para o claudinho e toda familha estamos aqui para ajudar,
    não podemos cupar a DEUS ele quis assim temos que aceitar.
    um forte abraço do amigo deassis.

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  7. Emocionante! Você sempre me faz chorar!

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  8. Me emocionei muito com o seu texto, perdí uma pessoa querida, faz dez meses(não foi minha mãe),foi minha sogra que eu amava e respeitava como se fosse minha mãe.
    Ela morava em outra cidade e eu costumava visita-la.Depois de sua partida eu me sentí perdida e ainda me sinto até hoje quando vou visitar meu sogro.

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  9. Olá André!
    Finalmente estou vendo o seu blog e comecei por este texto... Amigo, quanta emoção nessas palavras! Você realmente conseguiu transferir para o texto tudo o que, tenho certeza, está em seu coração.
    O texto pode servir também como alerta para diversos filhos que, por ignorância, falta de proximidade, correria diária ou outros motivos, afastam-se de suas mães.
    Parabéns pelo blog André!

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  10. Achei comovedor o seu comentário-desabafo sobre sua mãe.
    Sua mãe foi tudo que vc falou... pois tive a grata oportunidade de conhecê-la de perto.
    André, vc teve uma grande mãe! E posso afirmar também que vc foi um grande filho!
    Continue meu irmão, amando seus familiares, seus semelhantes, a vida!
    Continue firme e forte em sua caminhada estudantil-universitária. Sua mãe tinha orgulho de sua inteligência, portanto, no céu, ela continuará orgulhosa do filho que colocou no mundo.
    Um grande abraço do seu amigo, ex-professor e conterrâneo.
    Lusmar Paz
    lusmarpazleite.blogspot.com

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