sábado, 25 de outubro de 2014

"A CULPA POR SER POBRE E NÃO TER ESTUDADO É TOTALMENTE SUA"

Uma frase que raramente traduz a verdade, mas é o que muita gente quer que você acredite

(O texto é longo, mas vale a pena ser lido. Garanto!!!)

Educação: direito social que vem sendo vergonhosamente deixado de lado no Brasil
Aí a gente liga a TV de manhã para acompanhar os telejornais por conta do ofício e já se depara com histórias inspiradoras de pessoas que não ficaram esperando o Maná cair do céu e foram à luta. Pois a educação é a saída, o que concordo. E está ao alcance de todos – o que é uma besteira. E as cotas por cor de pele, que foram fundamentais para o personagem retratado na reportagem alcançar seu espaço e mudar sua história, nem bem são citadas. 

Pra quê? No Brasil, não temos racismo, não é mesmo? Até porque o negro não existe. É uma construção social… 

Quando resgato a história do Joãozinho, os meus leitores doutrinados para acreditar em tudo o que veem na TV ficam loucos. Joãozinho, aquele self-made man, que é o exemplo de que professores e alunos podem vencer e, com esforço individual, apesar de toda adversidade, “ser alguém na vida”. 

(Sobe música triste ao fundo ao som de violinos.) 

Joãozinho comia biscoitos de lama com insetos, tomava banho em rios fétidos e vendia ossos de zebu para sobreviver. Quando pequeno, brincava de esconde-esconde nas carcaças de zebus mortos por falta de brinquedos. Mas não ficou esperando o Estado, nem seus professores lhe ajudarem e, por conta, própria, lutou, lutou, lutou (contando com a ajuda de um mecenas da iniciativa privada, que lhe ensinou a fazer lápis a partir de carvão das árvores queimadas da Amazônia), andando 73,5 quilômetros todos os dias para pegar o ônibus da escola e usando folhas de bananeira como caderno. Hoje é presidente de uma multinacional. 

(Violinos são substituídos por orquestra em êxtase.) 

Ao ouvir um caso assim, não dá vontade de cantar: Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amoooooooor? 

Já participei de comissões julgadoras de prêmios de jornalismo e posso dizer que esse tipo de história faz a alegria de muitos jurados. Afinal, esse é o brasileiro que muitos querem. Ou, melhor: é como muitos querem que seja o brasileiro. 

Enfim, a moral da história é: 

“Se não consegue ser como Joãozinho e vencer por conta própria sem depender de uma escola de qualidade, com professores bem capacitados, remunerados e respeitados, e de um contexto social e econômico que te dê tranquilidade para estudar, você é um verme nojento que merece nosso desprezo. A propósito, morra!” 

Uma vez, recebi reclamações da turma ligada a ações como “Amigos do Joãozinho”. Sabe, o pessoal cheio de boa vontade genuína e sincera, mas que acredita que o problema da escola é que falta gente para pintar as paredes. Um deles me disse que acreditava na “força interior” de cada um para superar as suas adversidades. E que histórias de superação são exemplos a serem seguidos. 

Críticas anotadas e encaminhadas ao bispo, que me lembrou de que eu iria para o inferno – se o inferno existisse, é claro. 

O Brasil está conseguindo universalizar o seu ensino fundamental, mas isso não está vindo acompanhado de um aumento rápido na qualidade da educação. Mesmo que os dados para a evolução dos primeiros anos de estudo estejam além do que o governo esperava no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), grande parte dos jovens de escolas públicas têm entrado no ensino médio sabendo apenas ordenar e reconhecer letras, mas não redigir e interpretar textos. 

Enquanto isso, o magistério no Brasil continua sendo tratado como profissão de segunda categoria. Todo mundo adora arrotar que professor precisa ser reconhecido, mas adora chamar de vagabundo quando eles entram em greve para garantir esse direito. 

Ai, como eu detesto aquele papinho-aranha de que é possível uma boa educação com poucos recursos, usando apenas a imaginação. Aulas tipo MacGyver, sabe? “Agora eu pego essa ripa de madeira de demolição, junto com esses potinhos de Yakult usados, coloco esses dois pregadores de roupa, mais essa corda de sisal… Pronto! Eis um laboratório para o ensino de química para o ensino médio!” 

É possível ter boas aula sem estrutura? Claro. Há professores que viajam o mundo com seus alunos embaixo da copa de uma mangueira, com uma lousa e pouco giz. Por vezes, isso faz parte do processo pedagógico. Em outras, contudo, é o que foi possível. Nesse caso, transformar o jeitinho provisório em padrão consolidado é o ó do borogodó. 

Pois, como sempre é bom lembrar, quem gosta da estética da miséria é intelectual, porque são preferíveis escolas que contem com um mínimo de estrutura. Para conectar o aluno ao conhecimento. Para guiá-lo além dos limites de sua comunidade. 

“Ah, mas Sakamoto, seu chato! Eu achei linda a história da Ritinha, do Povoado To Decastigo, que passa a madrugada encadernando sacos de papel de pão e apontando lascas de carvão, que servirão de lápis, para seus alunos da manhã seguinte. Ela sozinha dá aula para 176 pessoas de uma vez só, do primeiro ao nono ano, e perdeu peso porque passa seu almoço para o Joãozinho, um dos alunos mais necessitados. Ritinha, deu um depoimento emocionante ao Globo Repórter, dia desses, dizendo que, apesar da parca luz de candeeiro de óleo de rato estar acabando com sua visão, ela romperá quantas madrugadas for necessário porque acredita que cada um deve fazer sua parte.” 

Ritinha simboliza a construção de um discurso que joga nas costas do professor a responsabilidade pelo sucesso ou o fracasso das políticas públicas de educação. Esqueçam o desvio do orçamento da educação para pagamento de juros da dívida, esqueçam a incapacidade administrativa e gerencial, o sucateamento e a falta de formação dos profissionais, os salários vergonhosamente pequenos e planos de carreira risíveis, a ausência de infraestrutura, de material didático, de merenda decente, de segurança para se trabalhar. 

Joãozinho e Ritinha são alfa e ômega, a responsável por tudo. Pois, como todos sabemos, o Estado não deveria ter responsabilidade na vida dos cidadãos. 

Vocês acham sinceramente que “a pessoa é pobre porque não estudou ou trabalhou”? 

Acham que basta trabalhar e estudar para ter uma boa vida e que um emprego decente e uma educação de qualidade é alcançável a todos e todas desde o berço? 

E que todas as pessoas ricas e de posses conquistaram o que têm de forma honesta? 

Acham que todas as leis foram criadas para garantir Justiça e que só temos um problema de aplicação? 

Não se perguntam quem fez as leis, o porquê de terem sido feitas ou questiona quem as aplica? 

Como já disse aqui, uma das principais funções da escola deveria ser produzir pessoas pensantes e contestadoras que podem colocar em risco a própria estrutura política e econômica montada para que tudo funcione do jeito em que está. Educar pode significar libertar ou enquadrar – inclusive libertar para subverter. 

Que tipo de educação estamos oferecendo? 

Que tipo de educação precisamos ter? 

Uma educação de baixa qualidade, insuficiente às características de cada lugar, que passa longe das demandas profissionalizantes e com professores mal tratados pode mudar a vida de um povo? 

O Joãozinho e a Ritinha acham que sim. Mas eu duvido.

Fonte: Pragmatismo Político.

(A imagem acima foi copiada do link Oficia de Ideias 54.)

 

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

SE MEU CARRO VOTASSE...

Dois fatos dessa campanha presidencial - testemunhados por esse que vos escreve - dignos de relato


Estava eu na cantina do cursinho, esperando a aula começar, quando escuto uma conversa entre dois eleitores - um da Dilma, outro do Aécio. Eles tentavam convencer um ao outro de que as pesquisas eleitorais mentiam e que o candidato (a) dele é quem venceria.

Lá pelas tantas, o eleitor do Aécio disse que seu candidato venceria pois, "bastava olhar no trânsito e verificar que a maioria dos veículos possuem algum tipo de adesivo do candidato do PSDB".

Ao que o eleitor da Dilma retrucou:

- É, meu caro, só tem um problema: CARRO NÃO VOTA!!!


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Indo do trabalho para o cursinho esta semana, ultrapassei dois carros que se deslocavam pela via com velocidade bastante reduzida. Reparei que o da frente estava rebocando o outro. O interessante é que o veículo rebocador tinha vários adesivos do candidato Aécio (PSDB); já o veículo rebocado trazia inúmeros adesivos da candidata Dilma Rousseff (PT).

Essa campanha presidencial foi marcada por trocas de acusações e insultos por parte dos candidatos, uma pena... Mas nas ruas, pelo menos segundo o que eu pude presenciar, os eleitores estão dando uma verdadeira lição de cidadania e amor ao próximo.

Bem que os excelentíssimos candidatos poderiam fazer o mesmo. 

                                                               
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Curiosidade: tanto a Dilma como o Aécio, nasceram ambos na cidade de Belo Horizonte, estado de Minas Gerais.


(A imagem acima foi copiada do link Fala MS Notícias.)

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PSICOTESTE PARA ARRANJAR EMPREGO


Um sujeito está para ser admitido no emprego de uma grande multinacional, com salário excelente. Após vários testes, dinâmicas de grupo e tudo o mais, finalmente chega a última etapa: um psicoteste. Se o candidato se der bem, fica com a tão sonhada vaga.

O psicólogo dirige-se ao candidato e diz:

- Vou lhe aplicar o teste final para sua admissão.

- Perfeito, diz o candidato.

Aí o psicólogo pergunta:

- Você está de noite numa estrada escura e vê ao longe dois faróis emparelhados vindo em sua direção. O que você acha que é?

- Um carro, diz o candidato.

- Um carro é muito vago. Que tipo de carro? Uma BMW, um Audi, um Volkswagen?

- Não dá pra saber, né?

- Hum..., diz o psicólogo, anotando algo nos formulários, e continua: "Vou te fazer uma outra pergunta:"

- Você está na mesma estrada escura e vê, só um farol vindo em sua direção, o que é?

- Uma moto, diz o candidato.

- Sim mas que tipo de moto? Uma Yamaha, uma Honda, uma Suzuki ?

- Sei lá, numa estrada escura, não dá pra saber (já meio nervoso).

- Hum..., diz o psicólogo. Aqui vai a última pergunta:

- Na mesma estrada escura você vê de novo só um farol, menor que o anterior. Você percebe que vem bem mais lento. O que é?

- Uma bicicleta.

- Sim mas que tipo de bicicleta, uma Caloi, uma Monark?

- Não sei.

- Você foi reprovado! - Diz o psicólogo.

Aí o candidato muito triste em perder aquela bela oportunidade, dirige-se ao psicólogo e fala:

- Mesmo eu não sendo aprovado achei interessante esse teste. Posso fazer uma pergunta ao senhor, nessa mesma linha de raciocínio?

E o psicólogo satisfeito responde, claro que pode!

- O senhor está tarde da noite numa rua mal iluminada. Aí vê uma moça com maquiagem carregada, vestidinho vermelho bem curto, girando uma bolsinha, o que é?

- Ah! - diz o psicólogo - é uma puta.

- Sim, mas que puta? Sua irmã? Sua mulher? Ou a puta que te pariu?

Autor desconhecido, com adaptações.


(A imagem acima foi copiada do link Neuro Psico Tech.)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ensinamentos da MÃE DE ANTIGAMENTE


Coisas que nossas mães diziam e faziam... Uma educação que hoje é condenada por "especialistas" - mas que dava certo.

Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO... 
'ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!' 

Minha mãe me ensinou RELIGIÃO... 
'MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!'

Minha mãe me ensinou a RETIDÃO. 
'EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!' 

Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS... 
'SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!' 

Minha mãe me ensinou HIERARQUIA...
'PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?' 

Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS..
'SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, VOCÊ JÁ SABE!...'

Minha mãe me ensinou os NÚMEROS...
'VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER VOCÊ LEVA UMA SURRA!'

Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO... 
'CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA VOCÊ CHORAR!' 

Minha mãe me ensinou sobre O VALOR DA ESPERA... 
'ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR EM CASA!' 

Minha mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA... 
'CALMA!... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ...' 

Minha mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS... 
'OLHE PARA MIM! ME RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!' 

Minha mãe me ensinou sobre RACIOCÍNIO LÓGICO... 
'SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!' 

Minha mãe me ensinou MEDICINA... 
'PARA DE FICAR VESGO MENINO! PODE BATER UM VENTO E VOCÊ VAI FICAR ASSIM PARA SEMPRE.'

Minha mãe me ensinou sobre GENÉTICA...
'VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!'

Minha mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES... 
'TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?' 

Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ...
'SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!' 

Minha mãe me ensinou HIGIENE PESSOAL...
'OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!' 

Minha mãe me ensinou DETERMINAÇÃO...
'VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!' 

Minha mãe me ensinou a ESCUTAR ...
'SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO NA SUA CABEÇA!'

As mães de hoje não agem mais assim... Por isso que os filhos estão tão rebeldes, sem limites, desobedientes... Brigadão Mãe!!! HOJE SOU UMA PESSOA BEM MELHOR, MAIS EDUCADA E HUMANA E DEVO TUDINHO À BOA EDUCAÇÃO QUE A SENHORA ME DEU.


Autor desconhecido, com adaptações.


(A imagem acima foi copiada do link Simples Assim.)

terça-feira, 21 de outubro de 2014

"A liberdade começa onde termina a ignorância".

Victor-Marie Hugo, mais conhecido como Victor Hugo (1802 - 1885): poeta, dramaturgo, artista e estadista francês. Ativista pelos direitos humanos e figura de grande atuação política em seu país, é o autor de diversas obras, sendo, as mais famosas, Les Misérables (Os Miseráveis) e Notre-Dame de Paris. Artista de grande aceitação popular, quando de sua morte até as prostitutas de Paris fizeram luto.

(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54.)

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A LOIRA DO CASSINO

Em época de baixa temporada, o cassino estava às moscas. Os assistentes já não aguentavam mais de tédio. 

Foi quando entrou no salão uma loira espetacularmente gostosa. Imediatamente, o pessoal do cassino se animou. Ela se aproximou de uma das mesas e disse aos assistentes que apostaria 20 mil dólares e que acertaria os números em um único arremesso de dados. 

Os caras anotaram a aposta. 

Foi quando a loira disse: 

— Olha, espero que vocês não se importem, mas tenho mais sorte quando estou nua. 

Os assistentes aceitaram imediatamente e ficaram olhando aquela loiraça, tirar a roupa. Completamente nua, deixando todo o seu corpo à mostra, a loira gritou: 

— Mãezinha, preciso de novas roupas! 

Fez o arremesso e logo em seguida comemorou: 

— Viva! Viva! Eu venci! Eu venci! 

Saltitante, a loira abraçou e beijou cada um dos ajudantes. Pegou todo o dinheiro, as roupas e se mandou. Os ajudantes, ainda boquiabertos, se entreolharam. Até que um deles perguntou:

— Que número deu nos dados? 

— Não sei, pensei que você estivesse olhando! 


Moral da história: Nem todas as loiras são burras, mas homens são sempre homens...

Autor desconhecido.

(A imagem acima foi copiada do link Alô Esporte.)

domingo, 19 de outubro de 2014

OS TRÊS MAL - AMADOS


O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papeis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papeis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.  Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999), poeta e diplomata brasileiro. Nascido no Recife (Pernambuco), foi primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre. Membro da Academia Pernambucana de Letras e da Academia Brasileira de Letras, são algumas de suas obras: Pedra do Sono, Os Três Mal-Amados, Morte e Vida Severina, A Educação Pela Pedra, Auto do Frade, Agrestes, Tecendo a Manhã. 


(A imagem acima foi copiada do link Frases Globo.com.)

sábado, 18 de outubro de 2014

PASSAGEM DAS HORAS

Trago dentro do meu coração,

Como num cofre que não se pode fechar de cheio,

Todos os lugares onde estive,

Todos os portos a que cheguei,

Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,

Ou de tombadilhos, sonhando,

E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.


Álvaro de Campos, alter ego de Fernando Pessoa (1888 - 1935): escritor, poeta e filósofo português.


(A imagem acima foi copiada do link InfoEscola.)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PRIORIDADES EM NOSSA VIDA

                                                

Um professor de filosofia parou na frente da classe e, sem dizer uma palavra, pegou um vidro de maionese vazio e o encheu com pedras de uns 2 cm de diâmetro. Olhou para os alunos, e perguntou se o vidro estava cheio. 

Todos disseram que sim. 

Ele então, pegou uma caixa com pedregulhos bem pequenos, jogou-os dentro do vidro agitando-o levemente, os pedregulhos rolaram para os espaços entre as pedras. 

Tornou a perguntar se o vidro estava cheio. 

Os alunos concordaram: agora sim, estava cheio! 

Dessa vez, pegou uma caixa com areia e despejou dentro do vidro preenchendo o restante. 

Olhando calmamente para os alunos o professor disse: 

- Quero que entendam que isto simboliza a vida de cada um de vocês. As pedras são as coisas importantes: DEUS, sua família, seus amigos, sua saúde, seus filhos, coisas que preenchem a vida. 

Os pedregulhos são as outras coisas que importam: como o emprego, a casa, um carro... 

A areia, representa o resto: as coisas pequenas... 

Experimentem colocar a areia primeiro no vidro, e verão que não caberá as pedras e os pedregulhos... O mesmo vale para suas vidas. Priorizem cuidar do que realmente importa. Estabeleçam suas prioridades. O resto é só areia! 

Após fazer essa explanação, o professor tornou a perguntar: 

- E agora, vocês concordam que o vidro está realmente cheio?

Todos responderam em coro: 

- Sim, está!  

Então, ele derramou uma xícara de café dentro do vidro. A areia ficou ensopada, pois o líquido foi preenchendo todos os espaços restantes, e fazendo com que o vidro, desta vez, ficasse realmente cheio. 

Todos ficaram surpresos e pensativos, ao que o professor tornou a explicar:

- Não importa quanto atarefado você seja ou o quão cheio de problemas sua vida se apresente. Sempre arranje tempo para tomar um cafezinho com alguém que você considera especial.

Autor desconhecido, com adaptações.

(A imagem acima foi copiada do link Images Google.)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

MEU NOME É FELICIDADE



Meu nome é felicidade.

Faço parte da vida daqueles que têm amigos, pois ter amigos é ser feliz. Faço parte da vida daqueles que vivem cercados por pessoas como você, pois viver assim é ser feliz! 

Faço parte da vida daqueles que acreditam que ontem é passado, amanhã é futuro e hoje é uma dádiva de Deus - por isso se chama presente. 

Faço parte da vida daqueles que acreditam na força do amor, que acreditam que para uma história bonita não há ponto final. 

Eu sou casada, sabiam? Sou casada com o Tempo. Ah! O meu marido é lindo! Ele é responsável pela resolução de todos os problemas. Ele reconstrói corações, ele cura machucados, ele vence a Tristeza… 

Juntos, eu e o Tempo tivemos três filhos: a Amizade, a Sabedoria e o Amor. 

A Amizade é a filha mais velha. Uma menina linda, sincera e alegre. Ela brilha como o Sol, une pessoas, pretende nunca ferir, sempre consolar. 

A do meio é a Sabedoria, culta, íntegra, sempre foi mais apegada ao pai, o Tempo. A Sabedoria e o Tempo andam sempre juntos! 

O caçula é o Amor. Ah! Como ele me dá trabalho! É teimoso, às vezes só quer morar em um lugar… Eu vivo dizendo: "Amor, você foi feito para morar em dois corações, não em apenas um". O Amor é complexo, mas é lindo, muito lindo! Quando começa a fazer estragos, chamo logo o pai dele, o Tempo, e então o Tempo sai fechando todas as feridas que o Amor abriu! 

O poeta uma vez disse: 

“Tudo no final sempre dá certo. Se ainda não deu, é porque não chegou ao final”. Por isso, acredito sempre na minha família. Confio no Tempo, na Amizade, na Sabedoria e, principalmente, no Amor. Aí, com certeza um dia, eu, a FELICIDADE, baterei à sua porta! 

Ah, e mais uma coisa: Tenha tempo para os sonhos. Eles conduzem sua carruagem para as estrelas.

Autor desconhecido, com adaptações.


(A imagem acima foi copiada do link Oficina de Ideias 54. )